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O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras avançou 4,5% em 2024 na comparação com o ano anterior. O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou alta de 3,3% no último trimestre do ano passado.

O resultado anual demonstra um desempenho superior ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional no último exercício, que foi de 3,4% conforme os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o economista e gerente de indicadores e estudos econômicos da plataforma de gestão Omie, Felipe Beraldi, a performance foi condicionada pela ampliação da demanda doméstica, e indica perda de fôlego do segmento, especialmente nos setores de Indústria e Serviços.

“Nos últimos anos, houve forte avanço da renda real disponível às famílias, em um contexto de expansão fiscal com programas de transferência de renda e pagamento de precatórios”, lembra.

Ele destaca que a sustentação do mercado de trabalho aquecido e o desemprego próximo ao reduzido patamar histórico de 6% da última década, também devem ser levados em consideração, assim como os rendimentos reais em ascensão e mais elevados frente ao período pré-pandemia.

O levantamento funciona como um termômetro econômico de empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores:

  • Comércio,
  • Indústria,
  • Infraestrutura
  • e Serviços.

Desempenho das PMEs por estados e setores

Na análise por regiões, o Sudeste apresentou avanço de 3,7% no indicador frente a 2023. Os principais destaques, que contribuíram para o crescimento do mercado nacional, foram as regiões Sul e Nordeste do Brasil, com variações positivas de 8,4% e 8,3%, respectivamente.

Por outro lado, as pequenas e médias empresas da região Centro-Oeste do País apresentaram estagnação, com crescimento de apenas 0,1% no período. Já a região Norte recuou 10,4% em 2024 na comparação com o ano anterior.

O setor do Comércio foi o principal contribuinte para a melhora do mercado de PMEs no último exercício, com avanço de 8,1% no período. Felipe Beraldi lembra que as empresas desse setor engataram trajetória de recuperação a partir do segundo trimestre do ano anterior, após um 2023 bastante desafiador, refletindo o contexto de avanço do consumo no Brasil. Tanto o segmento de atacado (9%) quanto de varejo (6,4%) tiveram resultados positivos.

No caso do varejo, os sinais de recuperação se manifestaram de forma mais consistente para as PMEs na segunda metade do ano passado, evidenciados pela manutenção de alta do Comércio ao longo dos últimos seis meses. Entre as atividades com melhor desempenho, estão:

  • equipamentos para escritório;
  • produtos alimentícios;
  • produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas;
  • materiais hidráulicos e elétricos.

Já o grupo de Serviços apresentou incremento de 2,5% no IODE-PMEs, com destaque para as Atividades financeiras e de seguros, Transporte e armazenagem, Saúde humana e serviços sociais e Informação e comunicação.

“A alta também impactou o mercado de trabalho, com a maior parte do aumento no saldo de trabalhadores formais concentrado em atividades do setor de Serviços ao longo de 2024”, reforça Beraldi.

As PMEs do setor industrial tiveram uma variação negativa de 1,5% no quarto trimestre do último ano. Mesmo assim, essas empresas encerraram 2024 com alta de 2,2% no faturamento. O avanço da Indústria foi menos disseminado entre as diferentes atividades do setor nos últimos meses. Dos 23 subsetores acompanhados pelo índice, apenas 11 apresentaram elevação no último trimestre do ano.

O levantamento ainda mostra que as pequenas e médias empresas que atuam no setor de Infraestrutura encerraram o último ano com elevação de 0,8% frente a 2023. Beraldi destaca a influência do período das eleições municipais no setor.

“Se por um lado, isso dinamiza algumas atividades, por outro, as taxas de juros elevadas tendem a inibir a evolução da construção civil. Com isso, a expansão de Infraestrutura foi impulsionada por Coleta, tratamento e disposição de resíduos, Eletricidade e Serviços especializados para construção”, comenta.

Projeções para 2025

As perspectivas para este ano são de crescimento de 2,4%, após avanço médio de 6,9% ao ano no biênio (2023-2024). O economista da Omie avalia que apesar dos desafios macroeconômicos e do aumento das incertezas na economia doméstica, há elementos que devem sustentar a continuidade da evolução econômica no Brasil ao longo deste ano, mesmo que com alguma desaceleração.

Essa continuidade está baseada em um contexto de sustentação da renda das famílias, com desemprego em patamar reduzido. Esse cenário tende a favorecer alguns segmentos mais sensíveis à renda, como Serviços e outros do comércio varejista.

No entanto, as elevadas expectativas de inflação e o aumento da taxa básica de juros nos últimos meses devem restringir o consumo e os investimentos, com reflexos sobre as PMEs, sobretudo, a partir do segundo trimestre deste ano. Dessa forma, haverá, em 2025, desafios para o desempenho de segmentos mais dependentes da evolução do crédito, como atividades industriais, comerciais e na construção civil.

Quanto ao ambiente de negócios, a expectativa é de que seja altamente suscetível a choques nos cenários nacional e internacional. “Internamente, há o endereçamento das questões fiscais (equilíbrio entre as receitas e os gastos do governo), além da aprovação da Reforma Tributária, que passa a valer a partir de 2026, mas é indicado que os empreendedores estimem os impactos das mudanças o quanto antes”, orienta.

Beraldi explica que, no âmbito externo, será fundamental o monitoramento das tensões geopolíticas pelo mundo e o acompanhamento da evolução política e econômica dos EUA no início do governo Trump, diante dos reflexos significativos sobre a evolução da economia dos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Via Diário do Comércio