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As novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acendem um alerta vermelho para a economia de Santa Catarina, que tem os EUA como principal destino de suas exportações. Embora o movimento tenha forte viés político, as consequências podem ser desastrosas: setores como o moveleiro, motores elétricos, madeira, carnes e siderurgia devem ser diretamente afetados. O impacto ocorre justamente quando Santa Catarina registrou um crescimento de 6,6% nas exportações no primeiro semestre de 2025, totalizando US$ 5,86 bilhões, impulsionado pelas vendas de carnes de aves e suína, com altas de 10,3% e 21,1%, respectivamente.

Apesar da leve queda de 1,1% nas exportações para os EUA, o país segue na liderança como principal destino. Já itens como motores elétricos, partes de motor e soja apresentaram recuos, enquanto produtos como tabaco não manufaturado e painéis para comando elétrico tiveram forte crescimento. No mesmo período, as importações catarinenses também subiram 4,9%, chegando a US$ 16,8 bilhões, com destaque para o avanço nas compras de aços laminados planos e partes de veículos. O risco agora é que a nova tarifa acentue as perdas em setores estratégicos.

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) avalia que a medida compromete severamente a competitividade dos produtos catarinenses, especialmente diante da concorrência global. Para o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, é fundamental manter os canais de negociação da diplomacia brasileira, evitando que o cenário se agrave ainda mais com o cancelamento de investimentos no país. Ele destaca que a decisão precisa ser analisada sob três aspectos: a ausência de justificativa econômica — uma vez que os EUA têm superávit com o Brasil há décadas —, o respeito à soberania brasileira e o impacto das posturas diplomáticas do Brasil. “A implementação da tarifa compromete a competitividade dos produtos catarinenses, uma vez que países concorrentes em setores relevantes para a pauta exportadora de SC podem ser submetidos a taxas bem inferiores”, frisou.

Segundo dados da FIESC, em 2024 Santa Catarina embarcou US$ 1,74 bilhão em produtos para os EUA, predominantemente itens manufaturados. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca que cerca de 10 mil empresas brasileiras serão diretamente impactadas, e que, apesar da retórica protecionista, os EUA mantêm um superávit de US$ 256,9 bilhões com o Brasil nos últimos dez anos — evidência de uma relação comercial desbalanceada. A CNI também alerta para a disparidade tarifária: enquanto o Brasil aplicou uma tarifa efetiva de apenas 2,7% sobre produtos norte-americanos em 2023, a nova medida dos EUA representa um endurecimento sem reciprocidade, colocando em xeque a previsibilidade nas relações comerciais.

Via Portal Makingof