Proporção é a maior desde o início da série histórica, em maio de 2015.
Recessão e aumento do custo do capital diminuem busca por crédito.

Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que 76% dos micro e pequenos empresários não pretendem realizar investimentos para expandir ou melhorar as empresas pelos próximos três meses.

O indicador registrou em fevereiro apenas 21,52 pontos, ficando abaixo dos 24,68 pontos do mês anterior. Em relação a janeiro, a queda no indicador corresponde a 12,8%.

O resultado é considerado baixo, já que a escala do indicador varia de zero a 100. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários investirem e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão.

Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a recessão da economia com a queda do PIB em 3,8% em 2015 e a taxa Selic chegando a 14,25% são os principais fatores que explicam a baixa propensão ao investimento. “Diante desse cenário, e sem a perspectiva de breve retomada econômica, falta confiança aos micro e pequenos empresários para que assumam novos investimentos em seus negócios”, explica Pinheiro.

Apenas 16,4% admitem fazer algum investimento nesse período – a menor proporção dos que pretendem investir desde o início da série histórica.

Entre os poucos empresários que pretendem investir, os investimentos prioritários serão na reforma da empresa, mencionado por 34,4%, na ampliação de estoque (29,8%) e em mídia e propaganda (29,0%). Entre eles, a maioria (76,3%) pretende usar capital próprio para investir e 21,4% pretendem recorrer a empréstimos em bancos ou financeiras.

 

Crédito
A pesquisa mostra que falta confiança aos micro e pequenos empresários para que assumam compromissos financeiros.

O indicador registrou baixo patamar em fevereiro, registrando 11,98 pontos, menos que os 12,15 pontos de janeiro. Os empresários que manifestam a intenção de tomar crédito nos próximos três meses somam apenas 6,6%, a menor proporção desde o início da série histórica, em maio de 2015. Já os que afastam essa possibilidade totalizam 87%.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a crise econômica explica em parte o receio dos empresários. “Um terço daqueles que não pretendem contratar crédito alega que não pensam em realizar investimentos que exijam recursos de terceiros. A maior parte, porém, rejeita tomar recursos emprestados porque consegue manter o negócio com recursos próprios.”

Entre os poucos que pretendem contratar crédito, a modalidade mais citada é o microcrédito, mencionada por 35,8%, e as principais finalidades do crédito a ser contratado são o capital de giro (35,8%), a reforma da empresa (20,8%) e compra de equipamentos (17%). A maioria  (40,1%) considera difícil conseguir empréstimos e financiamentos. Entre esses, a burocracia é a principal causa da dificuldade, mencionada por 44,2%. A questão dos juros altos aparece é apontada por 33,6% como empecilho na hora de contratar crédito.

“Os juros, em particular, tornam os investimentos financeiros relativamente mais vantajosos do que os investimentos produtivos, de modo que, para o empresário, pode ser mais rentável fazer uma aplicação financeira do que investir na expansão do negócio ou criação de um novo bem e serviço”, diz Kawauti.

 

Via G1