Governantes têm faca e queijo

Há tempo que postulantes a cargos majoritários do Executivo não dispõem de “suprimentos materializados” para exercerem seus mandatos. Ao ingressarem nas campanhas políticas, na ânsia de lograr êxito, apostaram alto nas propostas, muitas vezes milagreiras, e outras até ofensivas. Assim, puderam ser vislumbrados em níveis estadual e federal, e, dependendo das pesquisas, temas que tomavam rumos diferentes, quando não destoavam até das cores partidárias.

Do outro lado, o povo que não se serve mais do papel de bobo a escutar, analisar e decidir em quem votar. Quando a vitória bate à porta, o discurso muda radicalmente. Sabem os vitoriosos que entre a teoria e a prática há um oceano revolto a atravessar.

Justamente o que se noticiou e o que se assistiu nas mídias. Vencedores, aqui e no Planalto, tiveram tamanha sorte que os discursos, além de prosperarem, levaram de roldão os eleitores. Passada a euforia, vem o período de trabalho. Cercados de competentes profissionais, tomam ciência do “status quo” referente às receitas e, principalmente, às despesas atuais e futuras. Poderão cometer algum erro, até porque, tanto lá como cá, transitar com desenvoltura na turbulenta área, cheia de armadilhas, não será tarefa fácil. Para evitar as tramoias, todo o cuidado será pouco. Não serão poucas as hienas ansiosas para devorar o pouco das reservas que a “viúva” dispõe. Aposta-se na torcida e no empenho do renovado parlamento. Mas será bom ficar de olhos abertos, pois, dependendo dos interesses, os resultados poderão não ser os acordados.

 

Povo a favor 
Em caso de blefe do Legislativo, há margem suficiente para se socorrerem. Aqui é que se sustenta a plataforma de logo de início se estabelecerem as reformas necessárias à condução profissional do governo. E, para tal, será preciso sabedoria e muita paciência para enfrentar as feras. Haverá descontentes e, quem sabe, sabotadores, os adeptos do: quanto pior, melhor. Mas a aprovação por meio do sufrágio nos dois turnos permitirá que conduzam as ações com as potentes armas disponíveis: o povo aos seus lados.

Nas mãos  
Com o vento soprando na mesma direção, ainda assim não será fácil conduzir a nau pública rumo ao porto seguro. As contas estão a demonstrar; cofres raspados e com o peso da Lei de Responsabilidade Fiscal a cutucar. Serão necessários profissionalismo, planejamento, comprometimento e boa comunicação para dar cabo às exigências que seguem em 2019. Ainda que não seja do jeito que se almeja, certamente ficará melhor do que está. Nada poderá ser desperdiçado e, como nas mãos de exímios manejadores de facas, deverão cortar com perfeição o queijo que carregam nas mãos.

Novo governo 
O governo eleito trabalha com os seguintes pilares: redução da estrutura administrativa; eliminação de funções redundantes; melhoria no fluxo de processos e desburocratização; eficiência e eficácia administrativa; e governança, transparência e integridade. Aguardemos o desenrolar.

Prefis: prazo 
Devedores de ICMS e ITCMD têm até sexta (30) para quitarem seus débitos, constituídos até 31/12/2017, com descontos das multas e dos juros oferecidos pela Fazenda estadual no Programa Catarinense de Recuperação Fiscal – Prefis/2018.

Refletindo 
“SC tem capacidade de endividamento, mas não tem a de investimento”. Luiz Felipe Ferreira, coordenador da equipe de transição do governo eleito – SC.

Por Pedro Herminio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual SC