Para analisar os dados sobre o mercado de trabalho divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), telefonei para o economista José Roberto Mendonça de Barros. O escolhi por ser um economista que lida diariamente com o lado real da economia em consultorias para a indústria, comércio e o agronegócio.
O que lhe permite uma análise diferenciada, que combina a interpretação do dado estatístico, que se refere ao passado, com o sentimento dos agentes de mercado, antecipando tendências, o que ainda não se materializou em números. Vamos a algumas observações que ele fez:
1. A taxa de desemprego deve cair para 11% no final deste ano. Ainda elevada. Mas lembrando: no primeiro trimestre deste ano, estava em 13,7%. Os dados da Pnad, segundo ele, foram “muito bons”. Melhores até do que se esperava.
2. A economia vai crescer 0,7% este ano e 3% no ano que vem. Bem acima do que está projetando o mercado financeiro, segundo a pesquisa focus do Banco Central ( 0,34% e 2% no ano que vem).
3. A economia vai acelerar e o mercado de trabalho melhorar até o final do ano devido a vários motivos. A indústria está crescendo por força das exportações. Setor automobilístico deve vender para o mercado externo 700 mil veículos, mais do que o dobro do ano passado, o que está permitindo que vários empresas recontratem funcionários demitidos a partir de 2015.
4. O setor de petróleo e minérios vai bem. E até a agricultura, que garantiu o PIB positivo no primeiro trimestre, vai continuar crescendo.
5. José Roberto diz que, nos contatos que tem mantido com o varejo, o sentimento é de que as vendas estão melhorando.
6. O crédito para as famílias cresceu 6% no bimestre junho/julho. Ao mesmo tempo, o envidamento caiu nos últimos meses.
7. A inflação baixa está propiciando recuperação da renda, do salário. Ele ressalta que, no caso dos alimentos, a inflação foi de 14% no ano passado. Este ano, até agora, deflação de 2%.
O problema, segundo Mendonça de Barros, não é mais 2018, mas 2019. Sem que se aprove reformas importantes, como a da Previdência Social, o crescimento não vai se sustentar.

 

E, na visão dele, a cada dia que passa, a tarefa de concluir as reformas tende a ficar com quem vai ser eleito no ano que vem. A crise fiscal, do endividamento público crescente, é a grande ameaça.

 

Via G1 Economia