A curto prazo, o governo federal enfrenta um problema fiscal que não tem a ver tanto com os gastos da União embora estejam subindo, mas mais pela queda de receita. Para resolver isso, terá que aumentar impostos. A análise é do economista André Perfeito, que fez palestra nesta quinta na reunião do Conselho de Economia da Federação das Indústrias de SC (Fiesc). Questionado sobre que tributos podem subir, ele afirmou que a “caixa de maldades é grande”, mas pode vir alta da Cide sobre combustíveis e redução das desonerações.

Economista-chefe da Gradual Investimentos, Perfeito também mostrou preocupação com o crescimento da inadimplência das empresas e a desalavancagem geral da economia, ou seja, tanto empresas quanto o governo não estão tomando recursos no setor financeiro, que enfrenta inadimplência. Isso prejudica a economia, segundo ele. Somente os recursos do FGTS deram um fôlego à economia porque os trabalhadorespagaram dívidas e pouparam um pouco.

André Perfeito foi recebido pelo presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, que fez um resumo dos principais números econômicos de SC, e pelo presidente do Conselho de Economia, Aldredo Piotrovski.  Para André Perfeito, a boa notícia é que o desemprego subiu, o salário caiu, como o salário caiu a inflação caiu e isso permite ao governo reduzir os juros. Ele prevê redução da Selic para 7% até o fim do ano.

– No Brasil, não temos um problema econômico, mas político. A gente não sabe o que quer fazer deste país – lamentou.

Previdência e renda

A proposta de reforma da Previdência gera dúvidas, por isso o economista André Perfeito acha que os parlamentares não vão aprová-la. Isso porque é uma reforma que não vai criar benefícios e vai gerar ônus político aos deputados.

– A reforma da Previdência está sendo mal feita porque ela não está indo atrás da elite do funcionalismo público. Estou dizendo isso porque não gosto do funcionalismo público? Não é isso. O problema é que você tem que fazer uma reforma da Previdência no Brasil em cima de quem tem renda. E quem tem renda no país é o funcionalismo público. Porque se fizer uma reforma da Previdência em cima de quem não tem renda, você não terá a solução e vai gerar um problema social pior lá na frente – explica Perfeito.

País muito desigual
O economista André Perfeito observa que a proposta de mudança de idade mínima seria para todo mundo, só que tem gente que não vive tanto. Os mais pobres não vão receber ou terão apenas o piso.

– Eu acho que tem que fazer a reforma em cima de quem tem renda porque aí essas pessoas vão fazer poupança para a aposentadoria e quando você tem essa poupança para aposentadoria você resolve o problema da Previdência – pondera ele.

Atento à desigualdade no Brasil, Perfeito alerta que quem ganha R$ 3.940,01, segundo a Pnad de 2015, faz parte dos 6,4% mais ricos do país.

– Esse país é muito desigual. É isso que os funcionários públicos têm que reconhecer – afirma Perfeito.

 

Via DC – Coluna Estela Benetti