O governo, contudo, precisa ser hábil na articulação. A oposição e parte da base aliada, incluindo o PT, trabalham pela derrubada do veto. Se isso acontecer, o reajuste em vigor será de 6,5%, percentual que representa a inflação de 2014, significando uma perda de R$ 7,69 bilhões nas combalidas contas públicas brasileiras em 2015. Mantida a proposta de 4,5%, a renúncia fiscal do Executivo cairia para R$ 5,32 bilhões este ano.
Após reunião da presidente Dilma Rousseff com os conselheiros políticos mais próximos, na tarde da quarta-feira de cinzas, pairava um certo otimismo quanto ao adiamento da apreciação dos vetos para o fim de março. Mas, mesmo que isso aconteça, o governo precisará correr para aprovar a MP 668 – emendada pela proposta do deputado Rogério Rosso. O problema é que ela ainda está na comissão especial e só perderá a validade em junho. “O Planalto terá de esticar muito a corda para acelerar essa tramitação”, reconheceu um analista legislativo.
Acordo
A negociação precisará, necessariamente, incluir Renan e Eduardo Cunha. O primeiro ainda é considerado um aliado, mas as relações com o segundo estão em processo de recuperação. Durante encontro de Dilma com o ex-presidente Lula, às vésperas do carnaval, o petista defendeu que a presidente deveria ter buscado um acordo com Cunha para evitar o trauma da derrota na disputa pela presidência da Casa. “Mas ele não é nosso aliado”, teria ponderado ela. “Acordos são feitos com quem não é nosso aliado. Quem está ao nosso lado não precisa de acordo”, devolveu Lula.
Caso a apreciação dos vetos seja de fato adiada, fica impedida a votação, na quarta-feira, do Orçamento-Geral da União para 2015, já que matérias de caráter orçamentário não podem ser apreciadas pelo Congresso caso a pauta esteja trancada. Até o momento, o governo equilibra-se em duodécimos para pagar o custeio da máquina. Mas a aprovação do Orçamento interessa ao presidente Eduardo Cunha, já que, sem ela, o peemedebista fica impedido de fazer uma série de mudanças administrativas na Casa.
Fonte: Estado de Minas