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As medidas econômicas podem trazer um maior equilíbrio na balança comercial SC-Argentina, hoje favorável ao país vizinho

Entre as medidas do pacote econômico anunciado pelo novo ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, a maioria duras para resolver a crise econômica do país, duas podem colaborar para um aumento das exportações catarinenses ao mercado argentino, avalia a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Maria Teresa Bustamante. Uma retira licenças prévias para importar e outra eleva a alíquota de importação de países de fora do Mercosul.

Para a presidente da câmara da Fiesc, que também integra o conselho da Câmara de Comércio Internacional (ICC) – entidade global de comércio exterior -, as medidas econômicas que foram anunciadas por Caputo estão totalmente em linha com a proposta do presidente Javier Milei apresentada durante a campanha e em seu discurso de posse. Mas falta ainda o detalhamento para ver como serão aplicadas.

– A liberação de todas as travas administrativas para as importações é importante e vem de  encontro ao que deveria ser sempre o comércio com o Brasil pelo fato de os dois países integrarem o Mercosul. Essas travas administrativas de prévia análise de licença de importação demoram de seis a oito meses e, depois, não havia a autorização para pagamento. Essas travas sempre foram uma reclamação nossa – destacou Maitê Bustamante.  

Ela também está confiante de que taxação de importações pela Argentina fique restrita a produtos de países que não integram o Mercosul. Isso porque o Brasil e a Argentina são sócios do bloco, que tem um acordo bilateral de comércio no âmbito da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). Por isso, a taxação deve ser restrita a terceiros países do bloco e não ao Brasil.

Mas a economista reconhece que produtos brasileiros também podem sofrer esse imposto, caso o governo argentino decida. Isso porque já existe precedente no Mercosul e foi adotado pelo Brasil na gestão do ministro da economia Paulo Guedes. Ele tomou uma decisão de aumentar em 10 pontos percentuais os impostos de algumas classificações fiscais.

Mas, a regra do bloco demanda que o ministro Caputo e o presidente Milei façam uma consulta aos países sócios do Mercosul – Brasil, Uruguai e Paraguai, antes de adotar a medida. Eles terão que ter uma justificativa para aplicar uma regra unilateral ao Brasil. E se adotarem, Bustamante acredita que pode ser somente para alguns produtos.

– Portanto, a indústria catarinense tem aí uma oportunidade brilhante para aumentar as vendas que já vinham sendo feitas e conquistar novos clientes, novo nicho de mercado. Já vínhamos fazendo isso com bastante ênfase, e agora vamos tentar um foco maior no mercado argentino, porque obviamente a Argentina, como qualquer país, não vai à falência. Ela tem que renascer das cinzas. Então, nós precisamos aproveitar esse momento de cooperar com a indústria Argentina. Nós temos muito a fazer nesse campo de relações comerciais – disse a presidente da câmara da Fiesc.

Na avaliação dela, o comércio entre o país e SC poderia crescer também com mais importações de matérias-primas da Argentina. A Fiesc, na atual gestão do presidente Mario Cezar de Aguiar, tem estimulado que a Argentina venda mais para SC e para o Brasil. Isso porque eles têm produtos intermediários que são a base de importações do Estado e do país na Ásia. Isso poderia ser substituído. Uma das vantagens é poder negociar o frete rodoviário mais barato pelo fato de os países integrarem o Mercosul e serem vizinhos.

– Nós só aumentamos consideravelmente nossa exportação para os Estados Unidos graças a um trabalho que estamos fazendo aqui na Fiesc há quatro anos em conjunto com o consulado americano e a embaixada dos Estados Unidos, buscando justamente atender a substituição de importação americana de produtos do continente asiático por produtos catarinenses – informou Maitê Bustamante.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti