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Automóveis poluentes podem pagar tributo adicional; setor critica proposta do governo

reforma tributária deve reduzir a carga de imposto sobre diversos bens industriais, mas ainda há dúvidas sobre o que vai acontecer com os veículos automotores.

projeto de regulamentação da reforma enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso inclui alguns veículos no regime diferenciado do Imposto Seletivo, apelidado de “imposto do pecado”, cuja finalidade é taxar produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como bebidas alcoólicascigarros e refrigerantes.

A inclusão de carros e outros veículos automotores nessa lista não agradou as montadoras, que esperavam uma redução de impostos (leia mais abaixo).

Isso significa que alguns carros e veículos comerciais leves poderão ter carga superior à média de 26,5% prevista com a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).

O projeto prevê alíquota zero do seletivo para automóveis ou comerciais leves considerados “veículos sustentáveis”, de acordo com critérios de emissão de dióxido de carbono, reciclagem veicular e realização de etapas fabris no Brasil.

As alíquotas do Imposto Seletivo serão definidas de acordo com seis critérios: potência; eficiência energética; desempenho estrutural e tecnologias assistivas à direção; reciclabilidade de materiais; pegada de carbono; e densidade tecnológica.

AVALIAÇÃO DO SETOR

De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a carga atual dos automóveis formada pelo IPI, PIS/Cofins e ICMS varia de 24,7% a 32,3%, conforme o tipo de combustível. Para comerciais leves, caminhões, tratores e ônibus a carga varia entre 16,3% e 24,3%.

A expectativa era de manutenção ou uma possível redução da carga atual para estimular a descarbonização da frota em circulação do país.

“O setor recebeu com surpresa a proposta de inclusão de automóveis no Imposto Seletivo. A renovação da frota é fundamental para a descarbonização, e o Imposto Seletivo tem por objetivo exatamente o contrário, afastar o consumo, tal como ocorre com bebidas alcoólicas e tabaco”, afirma em nota a Anfavea.

A entidade, contudo, avalia a reforma como positiva para reduzir o gasto anual de R$ 2,3 bilhões com a burocracia existente hoje para recolher impostos no país.

Na avaliação do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), a proposta elaborada pela Fazenda está alinhada com a meta de descarbonização da frota de veículos em circulação no país prevista no Mover (Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação), que deve conceder R$ 19,3 bilhões em incentivos fiscais para as montadoras que investirem em tecnologia mirando a sustentabilidade e a eficiência energética até 2028.

“O Mover também cria o IPI Verde —que está em discussão no MDIC e ainda será regulamentado, com alíquotas menores para quem polui menos. O IPI Verde deverá vigorar até 2028 e está em linha com as propostas da Fazenda para a transição ecológica e a reforma tributária”, disse o ministério em nota.

TAXISTAS E PCD

A proposta da equipe econômica prevê isenção de IBS e CBS sobre veículos adquiridos por taxistas e PCD (pessoa com deficiência física).

Para taxistas, ela se aplica a automóveis de até 2.000 cilindradas (carro 2.0); com motorização elétrica, híbrida (flex) ou renovável (etanol). Nesses casos, também há isenção do Imposto Seletivo.

Para a pessoa com deficiência (física, visual, auditiva, mental severa ou profunda) ou transtorno do espectro autista, as alíquotas serão zeradas sobre o valor de até R$ 70 mil, para veículos de até R$ 120 mil. Veículos acima deste valor, com limite de R$ 200 mil, terão direito apenas à isenção do seletivo.

O projeto também prevê isenção de 60% ou total para 33 dispositivos de acessibilidade adicionados ao veículo.

Via Folha de São Paulo