Ao fazer um falso desafio aos governadores, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro que não está disposto a trabalhar para ajudar a equipe econômica na aprovação das reformas tributária e administrativa, além do pacto federativo. Com as finanças em crise, a maioria dos estados depende do ICMS dos combustíveis para assegurar a receita.

Sempre é bom lembrar que o Estado precisa da arrecadação para custear a máquina e serviços, além de tentar fazer algum investimento. Quem ajudaria os governadores a fechar a conta, caso o desafio de zerar o ICMS fosse aceito? Se alguém aí disse que é o governo federal, pode esquecer. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também tem um rombo nas contas públicas para fechar todos os meses. Portanto, a frase de Bolsonaro só serviu para explodir pontes com os governadores e para animar as redes sociais.

Bolsonaro começa o ano, portanto, deixando claro que o Ministério da Economia terá que tocar as reformas sozinho. Guedes contará, sim, com o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem na reforma tributária um compromisso. Mas quem tem experiência com o assunto alerta: quando o governo não se empenha, não há como tirar as mudanças nos impostos do papel.

Desde o governo Fernando Henrique propostas de reformas nos tributos circulam pelo Congresso. Nenhum presidente, de fato, se empenhou. Com um olho nas eleições municipais e outro em 2022, Bolsonaro está mais é preocupado em manter o apoio da militância fiel. Se quisesse, mesmo, desenhar uma solução para o problema dos combustíveis, o presidente chamaria os estados para um grande pacto.

Via NSCTotal – Coluna Carolina Bahia