A produção da agricultura e pecuária de Santa Catarina encerrou o ano de 2019 com valor bruto de R$ 32,94 bilhões, o que significa um crescimento real (descontada a inflação) de 1,04% na comparação com o ano de 2018, quando o Estado alcançou R$ 32,60 bilhões. O valor inclui o resultado de venda de 52 produtos do Estado. A grande novidade é que, pela primeira vez nos últimos 19 anos o valor da suinocultura, que totalizou R$ 6,467 bilhões, superou o da avicultura, que alcançou R$ 6,413 bilhões.

Os dados integram a publicação Indicadores de Desempenho a Agropecuária de Santa Catarina 2018-2019 e foram divulgados na tarde desta terça-feira pela Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural do Estado (Epagri), que lançou também a Síntese Anual a Agricultura de Santa Catarina 2018-2019.

Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Toresan, o valor maior da produção catarinense é centrado na agropecuária. A suinocultura atingiu a liderança principalmente em função do crescimento das exportações, que avançaram mais de 40% em 2019 e mantém essa média de crescimento em 2020 principalmente com maiores exportações para a China. Em terceiro lugar ficou a produção de leite com receita de R$ 3,72 bilhões.

No ano passado, o agronegócio catarinense exportou US$ 6,1 bilhões, 68,3% do total da receita alcançada no exterior pelo Estado. Esse montante também representou 6,4% o total e vendas o agro brasileiro no mercado internacional. Apesar do maior impacto da carne suína, da qual SC é líder nacional em exportações com 54,2% o total, chama a atenção as vendas de carne de pato lá fora. O Estado responde por 99,5% das exportações desse produto.

Conforme Toresan, uma tendência importante mostrada pelos dados catarinenses é o crescimento da produção agropecuária, mas com queda do valor total de venda.

– Eu monitoro desde 2013 os índices de produção e de preços. Até o ano passado registramos uma elevação de 7% na produção e uma queda dos preços de 8% – informou ele.

Isso permite concluir que o consumidor do Estado, Brasil e exterior estão pagando menos por produtos catarinenses.

Outros números relevantes da agricultura catarinense envolvem ganhos de produtividade. O engenheiro agrônomo da Epagri, Tabajara Marcondes, observa que os avanços maiores são na produção de grãos. Nos anos de 1980, SC destinava 1,8 milhão de hectares para lavouras. Hoje, o total gira em torno de 1,5 milhão, mas com produção maior.

– Plantávamos quase 1 milhão de hectares de milho, hoje são cerca de 370 e a produção não decresceu. O Estado avançou na produtividade. Naquela época, eram 2,5 mil quilos por hectare, hoje são 11 mil – explica Tabajara Marcondes.

Para 2020, existem dúvidas sobre os resultados do setor porque a seca está afetando uma série de atividades mas, ao mesmo tempo, há alta de preços nos casos de soja, milho e carne suína.

O secretário de Estado de Agricultura e Pecuária, Ricardo Gouvêa, que participou do lançamento virtual da Epagri, avaliou que o setor teve bom desempenho ano passado, mas alguns dados setoriais preocupam este ano. O preço do suíno disparou em função das exportações enquanto o de frango caiu, em função dos efeitos da pandemia e menores compras a Europa e Ásia. Ele mostrou preocupação com os impactos dos altos preços da soja e milho para a pecuária de SC, que podem causar desequilíbrios.

– A China voltou a ter aftosa e peste suína clássica. Os chineses continuam comprando muito. Este ano voltam a comprar para repor o estoque e pressionou o preço dos grãos. Isso prejudica a produção de proteína animal, com grande impacto ao produtor independente – observou Gouvêa.

A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, que conduziu o evento virtual, afirmou que as duas publicações expressam o compromisso de excelência que a empresa tem com a agricultura de Santa Catarina, reunindo informações relevantes das principais cadeias produtivas do Estado. Ela também destacou que neste ano o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) está comemorando 45 anos de atividades. Parabenizou todos os servidores que atuam e também os que já atuaram nessa instituição relevante para economia de SC.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti