Maio, junho e julho tiveram indicadores gradativos de crescimento da economia em SC após março e abril registrarem quedas expressivas como consequência da crise do coronavírus

Após meses de intensa queda da atividade econômica em Santa Catarina em março e abril deste ano por conta dos reflexos da pandemia do coronavírus, aos poucos o Estado começa a apresentar índices positivos. Os resultados de alta têm sido melhores do que a média brasileira, enquanto que as baixas estão atreladas ao isolamento social mais radical feito por Santa Catarina nos primeiros meses da pandemia. Como na série histórica do PIB, o Estado catarinense tem lidado melhor com a crise de 2020 do que a média do país.

Após meses de resultados negativos nos primeiros meses do ano, o Índice de Atividade Econômica de Santa Catarina, indicador que é considerado uma prévia do PIB, voltou a crescer em maio (+4,3%) e junho (+4,8%) no comparativo com os meses anteriores. Apesar disso, no acumulado do primeiro semestre, Santa Catarina ainda amarga prejuízo de -5,1%. Mas o índice é menor do que a média brasileira, de -6,3%.

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Os resultados apontam que se as condições de saúde melhorarem e não ocorrer novo lockdown, a tendência é de melhora da atividade econômica para os próximos meses.

“A indústria e o comércio caíram muito em março e abril, tivemos um susto inicial muito grande. Mas depois percebemos um processo de adaptação à pandemia. Tem sido um excelente ano para o agronegócio, o que de certa forma compensa outros setores. É possível que a gente chegue a dezembro com o resultado [de PIB] próximo de 0% ou pequena queda negativa, o que é melhor do que as previsões iniciais”, avalia Paulo Zoldan, economista e gerente de indicadores da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.

Avaliação dos impactos na atividade econômica

José Fiates, diretor da Fiesc, cita que as medidas do governo federal, como o auxílio emergencial e a possibilidade de repactuação dos empregos e da carga de trabalho de funcionários, permitiu aos empresários gerenciarem melhor a crise. “Havia uma expectativa e ainda há um impacto importante no setor industrial, mas acabou sendo menor do que se imaginava em um primeiro momento. O setor industrial tem conseguido agir razoavelmente”, afirma.

Segundo Leonardo Régis, economista da Fecomércio SC, o setor de serviços foi muito mais afetado que o comércio em Santa Catarina. Apesar de o comércio ter registrado quedas significativas em março (-12,5%) e abril (-19,8%), os meses de maio (-3,3%) e junho (+24,6%) já mostraram recuperação. Os setores que ajudaram o comércio a crescer foram: alimentício, artigos farmacêuticos e móveis/eletrodomésticos.

Por outro lado, os serviços ainda não registraram mês positivo, apesar de junho (-8,5%) ter sido melhor do que as quedas de abril (-20,7%) e maio (-18,7%). Foram afetados principalmente serviços prestados às famílias, como alojamentos, bares e restaurantes, hotéis, cabeleireiros, serviços de beleza, entre outros.

Em uma avaliação dos próximos meses, Leonardo é mais cauteloso. “É um momento ainda de muita incerteza, são muitas variáveis econômicas e epidemiológicas. Há muitas pessoas que perderam o emprego, o auxílio emergencial pode ser reduzido, então são fatores que refletem na economia. Mas há a perspectiva de que é possível que Santa Catarina se recupere rapidamente exatamente por ser um Estado sólido e de economia diversificada”.

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Variação dos setores em SC em 2020 – Foto: FONTE: PMC/IBGE e PMS/IBGE compilados pela Fecomércio/SC e FIESC

Outros indicadores mostram otimismo para o Estado

Além dos dados dos setores de serviços, comércio e indústria, vários outros indicadores já começaram a subir em Santa Catarina. Após demissões em março, abril e maio, o mês de junho já apresentou saldo positivo de 3,7 mil empregos (ainda que o acumulado do ano tenha 53 mil postos de trabalho fechados). Na sexta, o governo divulgou que Santa Catarina teve novo destaque positivo, com a criação de 10 mil vagas de emprego em julho, terceiro melhor desempenho do país.

A confiança da indústria e do comércio também voltou a crescer em julho, apresentando otimismo pela primeira vez desde março, apesar de a intenção do consumo das famílias cair pelo quarto mês consecutivo desde março.

A receita corrente líquida do Estado de junho totalizou R$ 2,234 bilhões, R$ 549,4 milhões a mais que o arrecadado no mês de maio. O valor é também 12% maior que junho de 2019.

O número de empresas ativas em Santa Catarina até o dia 5 de agosto era de 910.249. Desse total, 62% são microempreendedores individuais. O saldo entre empresas constituídas e baixadas pela Junta Comercial de SC vem subindo a cada ano. Em 2019 o saldo foi o maior da série iniciada em 2013 (97,2 mil empresas). Em 2020 o saldo até 5 de agosto era de 62 mil novas empresas.

Importante papel tem sido desempenhado pelo agronegócio na crise. O setor passa por um bom momento com expansão da produção tanto agrícola como pecuária e os preços recebidos também têm sido significativamente maiores que no ano passado. Com isso, a atividade tem contribuído para as economias municipais e para atenuar a queda nas exportações, com destaque para as aves, carne suína e soja.