Esforço discricionário no trabalho
Pouco difundido, mas praticado por muitos profissionais, ainda que inconscientemente, o título acima se constitui no que se chama de comportamento organizacional micro, praticado pelos indivíduos no dia a dia.
O tema em apreciação foi objeto de tese de doutorado defendida pelo auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia Ricardo Alonso Gonzales, na Universidade Corporativa do Serviço Público (UCS) daquele Estado. O trabalho recebeu elogios das autoridades fazendárias de todos os Estados, por ocasião da apresentação durante o Confaz na cidade de Boa Vista, Roraima, em setembro passado.
Para Gonzales, “o esforço discricionário no trabalho se constitui na parcela que o indivíduo dedica ao trabalho, mas que extrapola o que lhe é minimamente exigido ou cobrado. Depende de cada um a vontade de exercê-lo. A prática não é remunerada pelos sistemas formais da instituição, todavia contribui para o desempenho organizacional”.
Percebe-se a ocorrência desse fato nos exemplos a seguir: quando se acessa o e-mail corporativo em fins de semana, à noite, ou mesmo em períodos de licença e férias; quando se resolve algum problema de trabalho pelo WhatsApp; quando a pessoa se dedica de forma mais intensa a algum trabalho; quando ajuda ou contribui com a organização em tarefas que a rigor não são suas; quando o indivíduo vai para casa e fica pensando em solucionar questão relacionada ao trabalho, dentre outras.
Gonzales, que dirige a Universidade Corporativa da Bahia e integra o Grupo de Desenvolvimento do Servidor Fazendário (GDFAZ), utilizou-se da técnica da entrevista. No universo da pesquisa, servidores da Sefaz Bahia e professores universitários que relataram suas práticas caracterizadas dentro desse conceito. A pesquisa baseou-se em duas partes: a constatação da existência de tal comportamento no ambiente organizacional no Brasil e a identificação do que leva as pessoas a praticarem tal comportamento, haja vista que não são remuneradas.

 

 

Conclusão da Tese

“Reconhecer o esforço da sua equipe, distribuindo tarefas de forma que o servidor se sinta satisfeito com o que está fazendo para obter uma atitude positiva em relação ao esforço discricionário. Se você é um chefe, um gestor ou um líder, dê o exemplo. O que você fala e pratica influencia no comportamento da sua equipe. Tenha consciência de que remuneração financeira sozinha não estimula o emprego do esforço discricionário. Tempo disponível para criar e condições de trabalho podem ser mais importantes”, resume o auditor fiscal.

Eleições 2016

Numa Secretaria composta por 948 servidores, apenas cinco se desincompatibilizaram para concorrer a cargo eletivo. Com esse quadro defasado, sem considerar que 37% dispõem de tempo para aposentadoria, 48 colegas, representando 5% dos fazendários, encontram-se prestando excelentes serviços, porém fora da Casa.

Quanto às eleições, lograram êxito o analista da Receita estadual Adauto Della Giustina, vereador em São Ludgero, e o auditor fiscal da Receita estadual Nelmo Emerim, reeleito vice-prefeito em Santa Rosa do Sul. Ambos estão lotados, respectivamente, nas regionais de Tubarão e Araranguá, no Sul do Estado. Aos colegas corajosos e aos vitoriosos, os parabéns da coluna. Não esquecendo o dever de casa: a qualidade no atendimento e o respeito ao contribuinte/cidadão independem da origem da prestação dos serviços. E que se espelhem nos conceitos da ética e da democracia.

 

 

Refletindo

Ontem a humanidade homenageou São Francisco de Assis, o pai das criaturas. Que o seu espírito de bondade sirva como balizador das caminhadas terrenas. Uma ótima semana!

Coluna: “Fisco & Cidadania” de Pedro Hermínio, jornal Diário do Sul, 05/10/2016, Tubarão-SC.