santa catarina tem producao recorde de soja com 24 milhoes de toneladas 20170623 1159158987

IBGE vê impulso da agropecuária em crescimento surpreendente do PIB brasileiro

O crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos três primeiros meses de 2023 na comparação com o trimestre anterior surpreendeu o mercado e foi associado pelo IBGE ao impulso dado pela agropecuária na economia brasileira. O movimento tem partipação fundamental de Santa Catarina, que trabalha com previsão de safra recorde de soja e lidera as exportações de aves e suínos.

No primeiro trimestre do ano, a agropecuária brasileira cresceu 21,6%, sua maior alta desde o quarto trimestre de 1996. O setor responde por aproximadamente 8% da economia do país, mas acabou tendo peso de 80% no salto recém-identificado no PIB, a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil.

— [A alta da agropecuária] está muito em conta pela expectativa recorde da safra de soja no país, com crescimento de cerca de 25% na quantidade produzida e ganhos de produtividade, sendo que a soja tem peso de 70% da lavoura neste primeiro trimestre — diz Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, lembrando ainda, que, em 2022, o setor foi afetado por problemas climáticos.

— Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da agropecuária — emenda a analista.

Produtividade do agro catarinense
Santa Catarina integra esse cenário. A Epagri calcula que a safra da soja catarinense, que conta com 732,3 mil hectares de área cultivada, produza 2,83 milhões de toneladas do grão neste primeiro semestre.

“A estimativa atual é de que a safra de Santa Catarina venha a ser a maior da série histórica levantada pela Epagri-Cepa e o IBGE”, escreve órgão catarinense em um boletim agropecuário de abril. O volume recorde será ainda alcançado um ano depois de o estado ter registrado prejuízos com a estiagem.

Além da soja, as exportações de frangos e suínos por Santa Catarina também devem ser levadas em conta para o resultado do PIB, segundo avalia o presidente do Sindicarne, José Antonio Ribas Júnior, já que o estado lidera as vendas brasileiras para o exterior das duas carnes e teve altas expressivas.

— O primeiro trimestre de Santa Catarina foi espectacular. Exportamos 280 mil toneladas de frango, com receitas superiores a 600 milhões de dólares, o que significa aumentos de 13% em quantidade e de 27% em valor na comparação com o mesmo período do ano passado. E se a gente olhar a nível de Brasil, Santa Catarina representou 23,8% das receitas brasileiras geradas em exportação de frango nesse período — diz Júnior, destacando a China, a Arábia Saudita e os Países Baixos como os principais importadores.

— Também foi um trimestre bastante importante para a suinocultura catarinense, com 150 mil toneladas exportadas e 363 milhões de dólares de receita, altas de 11% no volume e de 25% em valor — emenda.

Aperto nos preços
Tanto as altas das carnes quanto a da soja catarinense, no entanto, são acompanhadas de ponderações. A Epagri lembra, no caso do grão, que a safra recorde pressiona a redução dos preços.

“Embora a safra recorde de soja no Brasil seja positiva para o setor agropecuário brasileiro, com aumento do volume das vendas externas-balança comercial, a queda nos preços deve afetar a renda dos produtores, em especial nesta safra, prejudicada por um custo mais elevado, em virtude do preço dos fertilizantes em 2022. A boa produtividade registrada na atual safra compensa, em parte, a queda dos preços no primeiro trimestre deste ano”, escreve a Epagri em seu boletim.

Já o presidente do Sindicarne diz que, apesar de a produtividade ter bons números, os produtores de frangos e suínos lidam com margens baixas de lucro devido aos custos altos.

— O cenário ainda é de muito aperto, em que o setor trabalha muito próximo do zero, por conta da pressão de custos, com os grãos ainda pressionando fortemente e o mercado interno com dificuldade de repasse de preço. Mesmo assim, setor continua acreditando no mercado e gerando produção — afirma.

Via NSCTotal – Diário Catarinense