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Proposta vai a votação no Senado em outubro

A Reforma Tributária em tramitação no Congresso Nacional pode levar as empresas brasileiras de serviços e tecnologia a voltarem os seus olhos para o mercado exterior. Com a alíquota interna do futuro Imposto de Valor Agregado (IVA) estimada para ficar entre 25% e 28%, a exportação deverá se tornar mais atrativa e até mesmo um caminho de sobrevivência para muitos empreendedores. O alerta é do CEO da WTM International, Lisandro Vieira, que também atua como conselheiro da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O principal motivo para isso é o fato de o imposto para exportação continuar zerado, algo a ser confirmado pelo texto da reforma tributária. Dessa maneira, ficaria mais atrativo vender para outro país do que  buscar clientes no Brasil,  já que a Reforma Tributária implicará em um aumento de impostos de até 96% para o setor de serviços, segundo a Fecomercio- SP. No caso do setor de tecnologia, o aumento pode ser ainda maior, chegando a até 342% em alguns casos, de acordo com entidades do setor como a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).

-No caso da indústria, por exemplo, devido a uma longa cadeia de fornecimento, ela consegue reduzir o impacto desse IVA ao tomar créditos e abater de quando vender.  O efeito real é reduzido. O setor de serviços, por sua vez, é basicamente mão de obra, talentos e criatividade. Então ele não vai ter muitos créditos no processo. Em função disso, apostar na exportação pode ser uma grande solução e até mesmo uma forma de sobrevivência para o setor de serviços e tecnologia- afirma Vieira.

O CEO da WTM acrescenta ainda que as empresas devem iniciar esse processo o mais rapidamente possível:

-Quem se preparar antes vai sair na frente. Não adianta deixar para escolher essa saída depois que a Reforma Tributária estiver aprovada, apesar do longo tempo de transição, e de começar a sentir os efeitos muito nocivos dessa carga tributária pesada.

Velocidade de aprovação da Reforma Tributária preocupa

Outro ponto destacado por Vieira é a velocidade da tramitação da Reforma Tributária no Congresso Nacional. Ele realça que o texto foi aprovado em julho na Câmara com escasso tempo de debate. Agora, a previsão é que o texto seja aprovado pelo Senado ainda em outubro, com mudanças. O relator, senador Eduardo Braga, deve apresentar o relatório no dia 20.

-Teoricamente, a Reforma Tributária deveria ser excelente para o país, Porém, ela está sendo tratada de maneira superficial, com pouco tempo de discussão. Dessa forma, ela pode acabar fazendo mais mal do que bem. Uma das consequências disso pode ser o desestímulo ao empreendedorismo e a evasão de empresas – avalia. Vieira.

Na avaliação da grande maioria dos economistas, o principal benefício da reforma será o de simplificar o sistema tributário brasileiro, hoje altamente complexo e disfuncional. Vieira alerta, no entanto, que o período de transição estabelecido pelo Congresso será de aproximadamente dez anos. Durante esse período, as empresas, o Fisco e os escritórios de contabilidade precisarão lidar com dois sistemas ao mesmo tempo, o que poderá  gerar confusão.

-É necessário que o novo sistema seja bastante simplificado para todos os envolvidos: empresas contribuintes e órgãos fiscalizadores. Teremos de conviver com dois sistemas por muito tempo. Se hoje já é complicado, com muita perda de tempo, imagine se o novo sistema não for simples.

Via NSCTotal – Coluna Dagmara Spautz