Sem surpresas, os técnicos que integram o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, cortaram nesta quarta um ponto percentual da taxa básica de juros Selic, reduzindo a mesma para 9,25% ao ano. A decisão atraiu críticas da maioria das entidades empresariais e de trabalhadores, que desejavam corte maior. O fato é que essa redução gradual e lenta, confirma a gestão cuidadosa do Banco Central no uso dos juros para conter a inflação. Pelo menos essa variável importante da economia está sob controle. E como a maior parte da dívida pública brasileira é reajustada pela Selic, também dá uma aliviada nas contas do governo.

Mas isso não é suficiente para mudar a situação de crise ou estagnação da economia, que cresce menos de 0,5% este ano. O grande gargalo é o rombo das contas públicas, com déficit superior aos previstos R$ 140 bilhões. O que melhoraria o cenário para empresários se animarem a voltar a investir seria a reforma da Previdência, mesmo insuficiente, mas com idade mínima para evitar mais estouros nos gastos do ano que vem.

Só que do jeito que evolui o governo de Michel Temer, a incerteza pode piorar e a crise se acentuar. Está difícil conseguir maioria no Congresso para aprovar essa reforma. Além de atuar num cenário de dúvida sobre a sua continuidade, começou a prejudicar o trabalho do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Com tantos obstáculos, a volta do crescimento e do emprego fica para um horizonte mais distante, talvez só depois da eleição de 2018.

 

Via DC – Coluna Estela Benetti