A taxa de desemprego no país aumentou para 11,3% no segundo trimestre deste ano, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa desde o início da pesquisa, em 2012. O número de desempregados chegou a 11,6 milhões, também o maior da série.

Em igual período do ano passado, o desemprego atingia 8,3% da população economicamente ativa do país. No primeiro trimestre deste ano a taxa era de 10,9%.

A taxa do período abril­junho ficou em linha com a média de 11,3% estimada por 21 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data. O intervalo das estimativas foi de 11,2% a 11,9%.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o desemprego cresceu porque as pessoas que entraram no mercado de trabalho não encontraram emprego e também porque houve demissões. Por ouro lado, na comparação com o primeiro trimestre, o número de pessoas ocupadas aumentou, em vez de cair, mas a criação de emprego não foi suficiente para absorver todos que entraram no mercado.

A população na força de trabalho, também conhecida por economicamente ativa, aumentou em 1,818 milhão de pessoas (1,8%), para 102,38 milhões ante o ano passado, e aumentou 656 mil pessoas (0,6%) ante o primeiro trimestre.

Já população desempregada cresceu 38,7% no segundo trimestre sobre o mesmo período do ano passado, um acréscimo de 3,23 milhões de pessoas. Na comparação com o primeiro trimestre, esse contingente aumentou 4,5%, ou mais 497 milhão de pessoas.

Com isso, o contingente de desempregados chegou a 11,59 milhões de pessoas no segundo trimestre, ante 8,35 milhões no mesmo período em 2015 e 11,089 milhões no primeiro trimestre.

Já a população ocupada com algum tipo de trabalho, de 90,8 milhões de pessoas, é 1,5% menor que no mesmo período em 2015, quando o número de pessoas ocupadas era de 92,21 milhões. Mas é 0,2% maior que o contingente de pessoas que estavam trabalhando no primeiro trimestre, de 90,64 milhões.

A Pnad Contínua mostra ainda que o nível de ocupação ­ a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar ­ caiu para 54,6% no segundo trimestre, de 56,2% no mesmo período do ano passado e 54,7% no primeiro trimestre.

A chamada população fora da força de trabalho (inativa) aumentou em 344 mil pessoas, para 63,886 milhões no segundo trimestre, ante o mesmo período em 2015 (63,54 milhões), segundo a Pnad. No confronto com o primeiro trimestre, número de inativos ficou estável.

Renda

Além do aumento do desemprego, a Pnad Contínua mostrou queda no rendimento das pessoas que estão ocupadas. O valor médio habitualmente recebido em todos os trabalhos, de R$ 1.972, é 4,2% menor que o do mesmo período do ano passado, quando era de R$ 2.058. Ante o primeiro trimestre, houve alta de 1,5%.

A massa de rendimento real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimada em R$ 174,647 bilhões, queda de 4,9% ante o ano passado e 1,1% ante o primeiro trimestre.

Emprego formal

O desemprego atinge especialmente os que tinham postos de trabalho formal. São quase 1,5 milhão a menos de trabalhadores com carteira assinada no segundo trimestre de 2016, queda de 4,1% em relação a igual período do ano passado.

Parte dos que perderam o benefício da carteira assinada migrou para o trabalho por conta própria. Em um ano, foram 857 mil pessoas a mais nesse tipo de ocupação. Na comparação com o segundo trimestre de 2015, o crescimento é de 3,9%. Avançou também o número de trabalhadores domésticos, ante o ano passado: são 224 mil pessoas a mais trabalhando na casa de outra pessoa, alta que representa 3,7%.

Os dados da Pnad Contínua mostram ainda que o número de pessoas classificadas como empregador caiu 7,3%, baixa de 291 mil em relação ao segundo trimestre de 2015. Recuou também a quantidade de pessoas no trabalho familiar auxiliar, aquele que consiste em ajudar um parente num comércio, por exemplo. Esse tipo de atividade perdeu 580 mil pessoas, retração de 21,4%.

Também caiu o emprego no setor público, queda de 1,3% na comparação anual, e cresceu no setor privado, alta de 0,2%.

Indústria

Com a atividade da indústria em queda livre, o setor foi o que mais perdeu vagas no segundo trimestre, de acordo com a Pnad Contínua. O fechamento de 1,44 milhão de vagas representou tombo de 11%, ante igual período de 2015, informou o IBGE. “A indústria é, sem dúvida, que mais percebe a crise e mais sente o processo recessivo que vivemos hoje”, afirmou Cimar Azeredo, responsável pela pesquisa.

Indiretamente, a indústria também ajudou a derrubar outras atividades, como o grupo que inclui informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas. É dentro desse grupo que estão os serviços terceirizados, muito relacionados à indústria. Em relação ao segundo trimestre de 2015, esse grupamento perdeu 1,08 milhão de vagas, recuo de 10%.

Entre as atividades com resultado positivo, o grupo que inclui administração pública, defesa, saúde, educação e serviços sociais ganhou 481 mil trabalhadores, alta de 3,1%, ante o segundo trimestre do ano passado.

Alojamento e alimentação tem saldo positivo de 163 mil empregados no período e, transporte, armazenagem e correio, mais 213 mil trabalhadores.

Via Valor Econômico