Os consumidores catarinenses aumentaram em 4,7 pontos percentuais o seu endividamento no mês de janeiro em relação com o mês de dezembro (de 54,5% para 59,2%). Na comparação anual, as dívidas subiram 7,7 p.p., segundo revelou a Pesquisa de Endividamento de Inadimplência do Consumidor catarinense (PEIC), divulgada pela Fecomércio SC.

Para a Fecomércio SC, esse nível de endividamento atingiu o maior percentual da série histórica, que se iniciou em janeiro de 2013, em função do menor crescimento da renda dos catarinenses ao longo do ano de 2014, que forçou as famílias a se endividarem mais para realizar as compras de Natal. Também neste ano, houve um forte crescimento do crédito pessoal, o que indica que as famílias optaram por essa modalidade de crédito para fazer frente aos gastos extras do início de 2015, como a compra de material escolar e pagamentos de impostos como IPVA e IPTU.

De acordo com o levantamento, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso subiu para 11,9%. No mês passado, o índice era de 10,8%. As famílias com renda superior a 10 salários mínimos são as mais endividadas (65%), e o percentual dos muito endividados, que estava em 10,7% em dezembro, subiu para 11,1% em janeiro.

O cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento dos catarinenses, com 47,3%. Em segundo, terceiro e quarto lugares aparecem, respectivamente, os financiamentos de carro (30,3%), os carnês (23,2%) e o crédito pessoal (20,5%). Chama atenção o forte crescimento dessa última modalidade de crédito neste mês, puxado, especialmente, pelos gastos extras do início do ano, como a compra do material escolar e impostos.

Já em relação ao tempo de comprometimento com as dívidas, a maioria dos catarinenses endividados tem dívidas por mais de um ano (51,9%). Aqueles que têm dívidas até três meses representam 23,9%. A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou leve alta na comparação entre dezembro e janeiro (de 19,7% para 20%). No total geral das famílias pesquisadas a porcentagem de famílias com contas em atraso ficou em 11,9%, alta, quando comparado aos 10,8% do mês anterior.

O tempo com contas em atraso se concentra acima dos 90 dias, com 71,6%. O período entre 30 e 90 dias é de 13,5%. E até 30 dias apresenta 11,1%. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso ficou em 77,1 dias, tempo menor que o apurado no mês anterior (77,8 dias) e um dos maiores da série histórica.

Endividamento por cidades

Entre as cidades, Florianópolis é a que tem o maior percentual de famílias endividadas, com 87,8%; seguida por Chapecó, com 51,4%, e Joinville, com 51,2%. Em relação ao percentual de famílias com contas em atraso Florianópolis também lidera com 23,2%. Itajaí e Blumenau apresentam o menor percentual de inadimplentes.

É de Florianópolis a liderança, mais uma vez, das famílias que não terão condições de pagar, com 9,4%. Nesse indicador, Blumenau e Itajaí são as melhores posicionadas, com apenas 3,6% e 3,9% de famílias sem condições de pagar suas dívidas respectivamente. Entre os muito endividados, Florianópolis lidera com 26,2%. Blumenau é a cidade com o menor percentual nesse indicador, com apenas 3,1%.

Com relação aos tipos de dívidas nas cidades, o cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento, com especial destaque para Florianópolis, com 67,8% das pessoas com dívidas nos cartões. Os carnês, financiamentos (tanto de carro, quanto de casa) e o crédito consignado aparecem logo em seguida em quase todos os municípios.

No que diz respeito ao tempo de comprometimento com as dívidas em quase todos os municípios, menos Florianópolis, a resposta preponderante é “dívidas por mais de um ano”. Chapecó e Blumenau, com 76,8% e 56,7%, respectivamente, lideram nesse ponto. Na média, a cidade cujos moradores adquirem dívidas por mais tempo é Chapecó, com 9,9 meses. A com menor tempo é Florianópolis, com 6,6 meses.

Impacto nas vendas

A PEIC de janeiro revelou que o endividamento e o percentual da renda comprometida com dívidas continuam relativamente altos. Nesse sentido, o varejo vem sentindo o impacto em seu volume de vendas reduzido. Isto é, o crescimento anual das dívidas – associado ao aumento dos juros – está impactando na capacidade das famílias efetivarem novas compras com o recurso do crédito e não no aumento da inadimplência. Nesse sentido, o sistema financeiro permanece saudável; mas, por outro lado, o comércio e a economia, como um todo, se deterioram.

Veja a pesquisa na íntegra aqui.

 

Via Economia SC