Contas em dia e 13° na conta do funcionalismo. Raimundo Colombo faz um balanço da administração nos seis primeiros meses de 2017

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Foto: James Tavares/Secom
“Está muito fácil de provar que fomos corretos”, disse Colombo

Em entrevista exclusiva à Agência Adjori de Jornalismo, o governador Raimundo Colombo fez um balanço da administração nos seis primeiros meses de 2017. Apesar do cenário difícil, com uma crise política que respingou também em Santa Catarina, a arrecadação foi maior do que a do ano passado, a geração de empregos foi positiva e os cerca de 170 mil servidores públicos estaduais receberão a primeira parcela do 13° salário antecipadamente, em julho.

Agência Adjori de Jornaismo – Como o senhor avalia os seis primeiros meses de governo, em 2017?
Raimundo Colombo – Nós tivemos um primeiro quadrimestre (até abril) muito bom, tivemos uma queda em maio e agora uma recuperação em junho. O cenário é de retomada da economia. A questão da queda do emprego em maio é uma sazonal, porque termina a safra, então você tem um desemprego, por exemplo, na produção de maçã, de uva… são coisas que todo ano acontecem, mas nós tivemos um bom desempenho comparado a outros anos, com crescimento de 10% na arrecadação do ICMS e de 5,1% na receita tributária (ICMS, IPVA, ITCMD, taxas estaduais e repasses da União). E, enquanto nossos vizinhos e outros Estados estão parcelando o salário do funcionalismo, nós não só estamos pagando em dia como vamos adiantar a primeira parcela do 13° salário, em julho. Ao todo temos cerca de 100 mil servidores ativos e 70 mil inativos, o que representa cerca de 170 mil pessoas. Isso deve movimentar setores como o comércio, por exemplo.

Adjori – Em relação à situação privilegiada de Santa Catarina, o Jornal Metas, de Gaspar, enviou a seguinte pergunta: o reflexo disso deveria ser visto em investimentos. Quais seriam os principais investimentos do governo do Estado ainda para este ano?
Colombo – Todas as obras que estão dentro do programa estão em execução, algumas com problemas de desapropriação. Em Blumenau, por exemplo, um dos grandes problemas está sendo a desapropriação na SC-108, mas o dinheiro está disponibilizado, as obras estão em andamento. Na região do Alto Vale, a Ponte de Ilhota nós terminamos, a ponte Indaial falta fazer os acessos. Há muita obra sendo feita, só escolas esse ano são 45, inclusive algumas na região. O Programa do Fundam tem atendido as pequenas cidades, garantido qualidade de vida, e permitindo que os moradores não migrem para as cidades maiores, e aí se tem um beneficio em todas as áreas, de segurança a qualidade de vida, mas para isso é preciso ir lá fazer obras, melhorar a infraestrutura. Muitas obras estão espalhadas pelo Estado, por exemplo, as obras das enchentes contaram com investimento de R$ 1 bilhão.

Adjori – Essas chuvas foram, realmente, uma prova de fogo para todo o sistema de prevenção…
Colombo – Houve uma chuva absurdamente forte e prolongada, com mais de 500 milímetros acumulados, uma coisa totalmente fora de qualquer padrão, e o estrago foi bem menor do que poderia ter sido, caso não estivéssemos preparados. O radar do Oeste já está operando em testes, o de Lontras funciona muito bem e o de Rio do Sul está chegando. As barragens e as usinas, por exemplo, cumpriram um papel extraordinário. No caso das hidrelétricas, a água represada é capital para gerar energia. Como convencer os agentes responsáveis por operá-las a abrir comportas? Mostramos a eles que a água não seria perdida, pois o radar previu uma chuva muito forte. E estamos com o edital de duas novas pequenas barragens no Alto Vale (seriam seis, mas quatro não pudemos fazer porque a população não aceita nesse momento), e a de Botuverá está na fase de licenciamento.
Adjori – Sobre a de Botuverá, é uma pergunta do Jornal Em Foco, de Brusque. O que falta para se dar início a obra?
Colombo – Falta a licença ambiental. Nós conseguimos que o Ibama deliberasse para a Fatima para agilizar e a Fatima está fazendo os estudos. E isto vai ter um papel muito importante na região de Busque e do Itajaí-Mirim.

Adjori – Ainda sobre as chuvas, no Oeste as rodovias acabaram bem danificadas após as cheias. Algumas delas são federais, quanto a essas sabemos que não é responsabilidade do Estado, mas o senhor está fazendo algum tipo de meio de campo com o governo federal para que sejam aceleradas essas obras? A pergunta é do jornal Folha do Oeste.
Colombo – Sim, entregamos ao presidente do Dnit um documento com todas as prioridades para que a recuperação seja acelerada. Da parte do Estado, nós liberamos recursos para as 35 secretárias regionais para a recuperação de todas as rodovias e estamos liberando dinheiro para os municípios para que eles façam o mesmo nas estradas, pontes e pontilhões. De fato, uma chuva com essa intensidade destrói a rede de estradas.

Adjori – Voltando ao assunto da dívida do Estado, temos uma pergunta enviada pelo Jornal FolhaSete, de Seara: o Estado já tinha uma dívida quando o senhor assumiu, agora financiou R$ 10 bilhões na primeira gestão e vai financia mais R$ 1,5 bilhão agora. O próximo governador vai encontrar ‘a casa em dia’?
Colombo – A questão fiscal da dívida com a União está bem estabilizada. Nós pagamos mais de R$ 200 milhões de um empréstimo internacional antigo, em junho. Com a renegociação da dívida com a União nós reduzimos muito a dívida do Estado, porque mudou o indexador, alongou a dívida e com isso houve um desconto significativo. Hoje nós devemos muito menos do que devíamos há cinco anos, mesmo com os empréstimos. Para se ter uma ideia, um estado pode dever até 200% da sua receita corrente líquida, isso é considerado a capacidade de empréstimo. A nossa é 45%, ou seja, nós devemos 1/5 da nossa capacidade de endividamento. No Rio Grande do Sul, a capacidade de endividamento é zero, no Rio de Janeiro é zero, em Minas Gerais é zero. Então, a nossa situação é bem confortável e melhorou muito com a renegociação. Quando você faz um empréstimo no setor púbico o juro é subsidiado, quando você faz com o BNDES, o juro também é subsidiado. Quer dizer, nós temos sete anos de carência, 25 anos para pagar, com juros de 5%. Quando começar a pagar, esse juro já se desatualizou. A única forma de fazer as mudanças que a sociedade reclama é fazendo operações como essas.

Adjori – Para resumir isso, daria para dizer que temos contas sim, mas contas que estão dentro do orçamento do Estado…?
Colombo – Sim, como qualquer empresa e como qualquer pessoa quando compra um carro em 36 vezes ou quando financia a casa. É absolutamente tranquila a nossa situação.

Adjori – Então o próximo governador vai encontrar as contas em dia…
Colombo –
 O problema do próximo governador não vai ser a dívida, mas o problema da previdência pública, que hoje tem um déficit de R$ 300 milhões por mês. Esse é o maior problema do Estado.

Adjori – O Jornal do Sul, de Turvo, destaca que a Região do Sul é considerada, hoje, a mais pobre do Estado. Há até sete anos era a Serra. Há alguma ação especial direcionada para a região para reverter isso?
Colombo –
 Eu acho que a região Sul está vivendo uma reversão dessa situação. Por exemplo, a BR-101 concluída elimina fortemente um obstáculo de desenvolvimento, o aeroporto de Jaguaruna já está com três voos diários que estão sempre lotados, e receberá outros. Acho que as condições foram reconquistadas. Por outro lado, o problema das escolas foi uma falha administrativa que foi corrigida, e que já está sendo revista. Os próprios indicadores de violência do Sul estão com uma media até melhor do que a media do Estado. É claro que o problema da violência incomoda a todos nós, todos os dias, e não podemos baixar a guarda, mas eu acredito muito no momento de recuperação que o Sul está vivendo.

Adjori – Sabemos que 2016 não foi um ano nada fácil, principalmente, por causa da crise política no país. Essa crise política respingou aqui também, e na Secretaria da Fazenda perdemos uma pessoa importante para o governo, que foi o secretário Antonio Gavazzoni. Após a saída dele, como está o andamento do trabalho nesta pasta tão importante?
Colombo – A saída do Gavazzoni é algo que eu lamento profundamente, pela amizade e pela dedicação com que ele exerceu o papel e pela contribuição que ele deixou. O novo secretário é técnico, escreveu vários livros, é uma pessoa respeitada no Brasil inteiro e foi adjunto do Gavazzoni por um longo tempo. Então, há uma sintonia com o trabalho feito, porque ele ajudou a fazer. Eu acho que essa crise vai fazer com que a gente consiga sair do modelo errado de política para mudar pelo novo e melhor. Claro que até agora só está destruindo, ainda não começamos a construir. É sempre muito ruim passar por tudo isso, mas o espírito é de colaborar com as investigações. E o Estado está preparado para esclarece todos os fatos que foram apontados. Agora, com a quebra do sigilo, nós conseguimos construir toda uma tese, reunimos todos os documentos internos. Não foi vendida nenhuma ação da Casan. Está muito fácil de provar os procedimentos do governo, que foram transparentes, bem intencionados e corretos.

Via Adjori