Os embarques catarinenses ao exterior alcançaram U$S 4,175 bilhões no primeiro semestre deste ano, incremento de 16% em relação ao mesmo período de 2016, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). São números a serem celebrados já que o Estado sofria quedas há dois anos, mas ainda estão abaixo do nível pré-recessão. Entre janeiro e junho de 2014 o valor atingiu U$S 4,486 bilhões.

— Isso é resultado do trabalho do empresariado para abrir novos mercados e reconquistar outros,  com participação em feiras e missões. Já prevíamos que isso iria acontecer, a pesquisa da Fiesc já mostrava isso – diz a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante.

O maior avanço em valor vendido ao exterior no paralelo com 2016 foi o da carne suína – terceiro produto mais importante da pauta catarinense – que registrou aumento de 44%, impulsionado em parte pelas compras chinesas.

— Houve um trabalho forte feito nesse sentido, com visitas à China, e há mais plantas frigoríficas exportando – diz Ricardo de Gouvêa, diretor executivo do Sindicarne.

A Rússia, outro grande comprador de carne suína brasileira  – 90% do produto consumido no país sai do Brasil – tem aumentado os volumes adquiridos. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, fala em uma tendência de fidelização dos russos. Turra também destaca que o Mercosul, e em especial a Argentina, tem se tornado um mercado relevante.

— Houve uma mudança de política do governo Macri, que incentiva as importações. Os argentinos estão comprando carne suína in natura e processando – explica o presidente da ABPA.

Com um acordo recém-fechado com a Coreia do Sul, as vendas catarinenses de proteína suína devem crescer ainda mais em breve. No momento, segundo o Sindicarne, o país asiático analisa quais plantas frigoríficas serão autorizadas a exportar.  Há também tratativas com o México, ainda em fase incipiente, para abertura de mercado à proteína de SC.

Fora a carne suína, registraram incrementos importantes os embarques de soja (27%), especialmente por conta dos maiores volumes comprados pela China, e de motores elétricos (29%).

Entre os destinos, os Estados Unidos se consolidaram como o principal comprador de SC, posição reforçada por conta das exportações da fábrica da BMW, iniciadas no segundo semestre do ano passado. Nos primeiros seis meses de 2016, a China era o principal destino dos navios que saíam do Estado. A Rússia também ganhou espaço, subindo da nona para a quarta colocação do ano passado para cá.

As compras de SC também cresceram em 2017, atingindo U$S 5,791 bilhões, aumento de 22% no paralelo com os primeiros seis meses de 2016. Com isso, a balança comercial fechou deficitária em U$S 1,616 bilhão, um pouco mais que o U$S 1,111 bilhão observado no primeiro semestre do ano passado. Desde 2010 o Estado registra maisimportações que exportações por conta de uma política de incentivo às compras do exterior.

As importações  catarinenses vêm principalmente da China (33%), da Argentina (8%) e do Chile (7,7%), e os produtos se concentram em matérias-primas, como fios sintéticos e ligas de cobre.

Brasil registrou saldo histórico na balança comercial

Os resultados de SC acompanham o cenário nacional. Conforme os dados divulgados pelo MDIC no dia 3 de julho, as exportações brasileiras alcançaram US$ 107,7 bilhões em 2017, incremento de 19,3% ante o primeiro semestre do ano passado. Já as importações somaram US$ 71,5 bilhões, alta de 7,3% em relação ao mesmo período em 2016. Com isso, a balança comercial  acumulou recorde histórico de US$ 36,219 bilhões, 53,1% mais que o alcançado nos primeiros seis meses do ano passado,

Houve crescimento nas exportações de itens básicos (+27,2%), semimanufaturados (+17,5%) e manufaturados (+10,1%). Em destaque, o salto na receita de petróleo bruto (+128,2%) e dos óleos combustíveis (+122%). Os principais países de destino dos embarques brasileiros foram China (US$ 28,1 bilhões), Estados Unidos (US$ 12,9 bilhões) e Argentina (US$ 8,3 bilhões).

As importações no período tiveram desempenho positivo puxado especialmente pelo crescimento na compra de combustíveis e lubrificantes (+30,1%). Em compensação, caíram as compras de bens de capital (-27,6%). Os principais países de origem foram China (US$ 12,51 bilhões), Estados Unidos (US$ 12,50 bilhões) e Argentina (US$ 4,6 bilhões).

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Via DC