A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital – Fenafisco, em parceria com a Anfip, a Anauni, o Sinal e o Dieese realiza, nesta sexta-feira (17) e sábado (18), o Workshop “Multiplicadores Sobre a Reforma da Previdência Social”. O evento, no Hotel Manhattan Plaza, em Brasília-DF, reúne especialistas em previdência, estatística, economia, ciências políticas e seguridade social. O Workshop tem como objetivo ampliar o campo de conhecimento sobre o tema de maneira a realizar um contraponto técnico à agenda de desmonte da Previdência Social conduzida pelo governo.

Documento compartilhado aos participantes denuncia as desigualdades regionais, de gênero e profissionais ignoradas, “inexplicavelmente”, na Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287/2016). O texto denuncia como “aberração criminosa” igualar as condições para aposentadoria de homens e mulheres, para trabalhadores rurais e trabalhadores urbanos, além de impor uma idade mínima “absolutamente excludente” para parcela expressiva de trabalhadores contribuintes.

romero e charles

Outra denúncia diz respeito às renúncias previdenciárias. Dados do ano de 2016 revelam que, somente naquele ano, R$ 69 bilhões com isenções e reduções de alíquotas a diversos setores, como agronegócio exortador, a “filantropia” nas áreas da saúde e educação, o micro e pequeno empresário, entre outros, além da desoneração da folha de salários.

Em contraponto ao desmonte do sistema previdenciário, as entidades sugerem medidas como: 

·  a reconstituição do Fundo da Previdência e Assistência Social;

·  o reequilíbrio do subsistemas do campo, com aporte adequado por parte do empregador rural;

·  o imediato ressarcimento aos cofres do INSS do valor das isenções e renúncias;

·  a transparência da gestão.

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Charles Alcantara, presidente da Fenafisco

Para o presidente da Fenafisco, Charles Alcantara, o momento político e econômico de implementação de um estado ultraliberal, exige um contraponto qualificado, diante de forças poderosas do capital unidas em torno de convencer a sociedade de que retrocesso, aniquilação de direitos, priorização da destinação de recursos para o mercado financeiro em detrimento de investimentos primários que, antes da aprovação da PEC 55/2016, já estavam em patamares de subfinanciamento, é o caminho para a aniquilação definitiva do contrato social estabelecido na Constituição de 1988. “Nosso objetivo é qualificar nossos dirigentes de modo a capacita-los para compreender o conteúdo e o alcance dessa PEC que, a partir de uma farsa conceitual, se apresenta como reforma. O que está em curso é uma tentativa de aniquilar nosso sistema previdenciário. Reunimos nesse Workshop a vanguarda de especialistas e estudiosos sobre os temas relacionados à Previdência Social, que desmentem, com embasamento técnico, as farsas que o governo apresenta como verdades que precisam ser remediadas com prejuízos à classe trabalhadora. Estaremos em todas trincheiras para combater essa tentativa deliberada de desmontar o mais importante sistema de proteção social do nosso país, que atinge, nada menos, que 200 milhões de brasileiros”, alertou Alcântara.

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Vilson Romero, presidente da Anfip 

O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal – Anfip, Vilson Romero, elencou uma série de retrocessos embutidos na PEC 287. “O governo, sem o menor pudor, está realizando uma autêntica pedalada na Constituição. Ele promove e dissemina uma contabilidade criativa ao dizer que existe um rombo na Previdência Social. O governo de ocasião se esquece que nosso sistema de proteção social tem mais de 90 anos. Nos últimos 20 anos, a Anfip analisa os números do orçamento da Seguridade Social e comprova que sobram recursos. Entre outras maldades, esse desmonte do nosso sistema previdenciário tem por objetivo penalizar o idoso e o deficiente carente que, pela proposta, terão seus benefícios desvinculados do salário mínimo. Estes serão encaminhados, em pouco tempo, à parcela de carentes e miseráveis da nossa população. Então, a proposta, baseada no paradigma da ditadura demográfica, penaliza uma parcela muito expressiva da nossa sociedade, efetivamente, tratando igualmente os desiguais”, informou Romero.

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Celso Malhani, diretor de Aposentados e Pensionistas da Fenafisco 

Celso Malhani de Souza, diretor de Aposentados e Pensionistas da Fenafisco, reforçou a credibilidade e o peso da Anfip e da Fenafisco nas trincheiras contra a Reforma da Previdência. “A Anfip reúne todo o conhecimento histórico do sistema previdenciário brasileiro. Os representantes dos sindicatos do Fisco estadual e distrital têm hoje – e amanhã – o privilégio de absorver conhecimentos com a elite intelectual especializada em Previdência Social do nosso país. Nosso objetivo maior é instrumentalizar os nossos parceiros dirigentes com o que existe de mais refinado em termos de conhecimento previdenciário. Essa reforma encaminhada pelo governo propõe, do ponto de vista prático, a aniquilação da Previdência Social e o consequente fim das aposentadorias no estado brasileiro. Essa proposta deixa a Previdência pronta para as empresas privadas explorarem essa fatia de mercado; e transforma os recursos excedentes em novas fontes de financiamento para o pagamento de encargos e serviços da dívida. Quero dizer que essa proposta observada em cinco ângulos, seja nas regras de transição; seja do tempo de contribuição da idade mínima das aposentadorias; das regras das pensionamento; e das regras de aposentadoria especial, não representam outra coisa que não seja o assassinato dos direitos dos trabalhadores brasileiros, seja da iniciativa privada ou do serviço público. O Brasil precisa de trabalhadores em condições de levar para a sociedade a realidade do grande assalto que vem sendo conduzido pelo governo à sua mínima possibilidade de aposentadoria futura”, concluiu o sindicalista.

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Via CSPB