Alejandro Werner, diretor do Fundo para Hemisfério Ocidental, diz que eleições adiam investimentos no Brasil

WASHINGTON – Alejandro Werner, diretor do Fundo para Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou na manhã desta quinta-feira em Washington que, do ponto de vista da economia, é melhor que o Brasil atrase um tempo a aprovação da reforma previdenciária e faça mudanças profundas que aprovar correndo uma versão reduzida das alterações. Segundo ele, uma versão mais “light” da reforma poderá ser mal interpretada pelos agentes econômicos.

— É melhor que se faça bem que se faça rápido. Um atraso de 4, 5, 6 meses não seria tão importante como uma reforma muito diluída e que se faça de maneira rápida, que dá sinais de debilidade que de força — disse ele.

Werner afirmou que a reforma da Previdência é fundamental para que o Brasil tenha contas públicas saudáveis a médio e longo prazo. Ele disse, também, que o país não pode parar de realizar outras reformas econômicas e que, por causa das eleições presidenciais de outubro, parte das incertezas podem reduzir as previsões de crescimento deste ano:

— O investimento não será tão dinâmico como poderia ter sido (em 2018 no Brasil). Por isso temos alguma diferença em relação a outros analistas, esperamos um crescimento de 1,9% neste ano, enquanto há outros que que estimam crescimento de 3%. Não somos tão otimistas pois acreditamos que o investimento será afetado pelas incertezas, sobre qual será o mandato do novo governo para seguir com a agenda de reformas — afirmou o economista.

Questionado sobre a decisão condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que poderá ser impedido de concorrer, e como isso criar uma eleição marcada por incertezas e por decisões judiciais, Werner voltou a dizer que decisões de investimentos podem ser adiados por causa do cenário político.Ele afirmou que, dado o grande desafio econômico do Brasil para equilibrar as contas públicas, o próximo governo vai necessitar de um mandato muito forte para implementar estas políticas. Um resultado eleitoral com votações mais pulverizadas, um Congresso mais complexo e sem um visão clara das políticas econômicas vai dificultar as decisões dos agentes econômicos.

— Um processo eleitoral que poderia ter um maior nível de conflitos também gera incertezas e poderia adiar o investimento, mas não estamos usando este cenário no momento — disse.

Por outro lado, Werner afirmou que o Fundo se surpreendeu e revisou para cima a expectativa do crescimento em 2017, por causa de uma retomada maior que a imaginada no investimento e pelo crescimento do consumo causado pela queda da inflação, que permitiu uma redução mais efetiva de juros por parte do Banco Central.

O Fundo estimou que o país cresceu 1,1% em 2017. O FMI estima que a economia brasileira vai avançar 1,9% neste ano e 2,1% em 2019. Os resultados esperados são 0,4 ponto percentual e 0,1 ponto percentual que as estimativas do Fundo divulgadas em outubro.

Fonte: O Globo – Via Fenafisco