O ex ­presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, Arminio Fraga, disse ontem que, apesar de ser contrário a aumento de impostos, acredita que a elevação da carga tributária será inevitável em algum momento. Segundo ele, um esforço fiscal adicional pode ser benéfico para o país.

“Há uma sensação no país de que não dá para aumentar a carga tributária. Eu comungo dessa visão. Alguma coisa vai ter que ser feita no gasto, não há alternativa. Eu suspeito que a carga tributária vai acabar subindo um pouco também”, afirmou, durante palestra na Rio Oil & Gas, evento do setor petrolífero, no Rio.

“Nossa carga é de quase 32,5% do PIB. É alta, mas em um determinado momento parecia que ela iria para 40%. É só uma suspeita [de que haverá elevação da carga tributária]. Hoje isso é impensável, mas eu me arriscaria a dizer que isso vai ser inevitável em algum momento”, disse.

A jornalistas, Fraga disse que, se o Brasil fizer um esforço fiscal adicional, “não a CPMF, porque acho que é um imposto de péssima qualidade, mas, por exemplo, em algum momento reduzindo desonerações ou algo assim, poderia ter uma contrapartida muito grande. Daria mais espaço para o BC”.

Para ele, a sociedade já entendeu que são necessárias medidas mais impopulares como a proposta de emenda constitucional do teto dos gastos e a reforma da Previdência. Ele acredita que as duas medidas serão aprovadas no Congresso.

“Acho que a sociedade já entendeu que o Brasil quebrar é pior para todo mundo. É uma questão objetiva: O que vai ajudar o Brasil reduzir o desemprego e criar confiança para o país voltar a investir? É abordar essas questões, passar por esse passo certamente difícil, mas possível”, disse. Para ele, para que o teto de gastos seja viável é importante aprovar uma “boa” reforma da Previdência, que permita arcar com o fluxo de caixa.

Via Valor Econômico