Entre as atividades econômicas que praticamente não pararam desde o início da pandemia está a indústria. Mas, atualmente, 50,5% das empresas do setor em Santa Catarina enfrentam falta de matérias-primas, apurou sondagem feita pelo Observatório da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na média nacional, o problema é ainda maior: 68% das empresas do setor enfrentam dificuldades para obter matérias-primas e 82% registram alta de preços, apurou o levantamento feito na primeira quinzena deste mês com 1.855 indústrias do país.

As causas são diversas. Existe um descompasso na oferta de parte das matérias-primas, maior consumo e alta do dólar. Entre os setores com atraso na produção está o siderúrgico, que desligou altos-fornos e teve que esperar dois meses para religar.

Atualmente, é registrado também um consumo maior de matérias-primas do que a média para o período. Uma das razões é a atividade maior de setores que cresceram mais na pandemia devido ao pagamento do auxílio emergencial e têm mais acesso a crédito, como é o caso da construção civil.

O dólar alto também está desequilibrando o mercado. Isso porque incentiva exportações e limita as importações. O setor têxtil, por exemplo, está procurando produzir no Brasil porque ficou caro importar matérias-primas e confecções prontas.

O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, disse que em visita recente ao Oeste do Estado, foi informado de que além de falta de insumos, indústrias estão enfrentando falta de pessoal para contratar. O consultor da federação, Pablo Bittencourt, avalia que esse problema só será resolvido pelo mercado a médio prazo. Segundo ele, pesquisa do IBGE na segunda quinzena de setembro apurou que de 40% a 70% das empresas brasileiras estavam com problemas no fornecimento de matérias-primas.

A maioria dos setores acredita que o mercado voltará à normalidade dentro de três a seis meses. Esse descompasso está aumentando a inflação e poderá resultar em falta de alguns produtos para as vendas de final de ano.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti