A informalidade é o motor da geração de emprego em 2017, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das 2,303 milhões de vagas geradas no país ao longo deste ano, 75%, ou 1,743 milhão, são informais. Os postos restantes foram gerados pelo setor público.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o setor privado gerou apenas 17 mil vagas dentro deste ano, variação avaliada como estatisticamente irrelevante. Nas contas, o IBGE considerou o desempenho acumulado desde o período de fevereiro a abril deste ano até o trimestre encerrado em outubro.

“Você tem uma crise econômica, um cenário político conturbado, o que de certa forma inibe o empreendimento. Então, você tem pessoas entrando no mercado pela informalidade, em setores como alimentação. Mas, com a massa de renda aumentando, talvez possamos ver o início de retomada de postos de trabalho formais”, disse Azeredo.

De acordo com a pesquisa domiciliar do IBGE, os setores que mais geraram emprego são majoritariamente informais: o setor privado sem carteira (+721 mil postos), trabalho doméstico (+159 mil), empregador (+187 mil) e o conta própria (+676 mil). O setor público, que é formalizado, gerou 511 mil postos no período.

Mesmo com a melhora recente do emprego, o número de pessoas em busca de trabalho era de 12,74 milhões no trimestre encerrado em outubro. Trata-se do dobro do apurado de agosto a outubro de 2014 (6,45 milhões). “Você tem uma melhora relativa dentro do ano, mas uma variação considerável em relação ao pré-crise”, disse.

Outubro

O emprego no setor privado sem carteira de trabalho e o trabalho por conta própria puxaram as estatísticas de pessoas ocupadas em outubro, conforme a pesquisa divulgada nesta quinta-feira.

De acordo com o IBGE, o emprego no setor privado sem carteira (que exclui o trabalhadores domésticos) cresceu 2,4% de agosto a outubro deste ano, na comparação ao trimestre móvel anterior, encerrado em setembro. Esse percentual representa 254 mil trabalhadores a mais no período. Ao mesmo tempo, o número de trabalhadores com carteira assinada recuou 0,1% por essa base de comparação (-37 mil pessoas).

“Desde abril, temos visto queda da desocupação e aumento da ocupação. Os postos gerados são de baixa qualidade. Não temos registrado na pesquisa sequer um posto de trabalho gerado com carteira assinada”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Já o trabalho por conta própria (trabalhadores que realizam bicos ou freelance, também informais) aumentou 1,4% no trimestre encerrado em outubro, frente ao período anterior (maio a julho). Foram 326 mil pessoas a mais inseridas no mercado por esse tipo de ocupação, considerada uma espécie de válvula de escape do desemprego. Em um ano, são 1,2 milhão a mais nessa ocupação, alta de 5,6%.

“Geração de postos de trabalho informal geralmente é o primeiro sinal de retomada. Para vermos emprego com carteira, precisamos ver movimentação de grandes obras na construção, das grandes indústria. Nas crises passadas, foi o primeiro a retomar. Esse é o grande portal para inserção de trabalhadores. Outro caminho é a formalização de alguns empregos no setor de serviços”, acrescentou Azeredo.

 

Via Valor Econômico