Após a fala do líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que afirmou mais cedo que a data limite para se votar a reforma da Previdência é dia 28 de fevereiro, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEMRJ), disse nesta quarta-feira que não há nenhuma decisão sobre mudança no calendário e que continua trabalhando com a data do dia 20 de fevereiro para colocar a proposta em votação no plenário da Câmara. Maia também reforçou que, sem certeza de aprovação, não pautará a reforma.

“Nós tivemos uma reunião e não tem nenhuma decisão de mudar a data. É claro que a data do dia 20 é uma data que precisa ser muito bem trabalhada, mas eu acho bom manter a data do dia 20 para que os esforços que estão sendo construídos tenham sucesso. Toda vez que se adia a data, em vez de gerar pressão para a conquista de votos, muitas vezes atrasa a mobilização. Então, vamos manter dia 20 para a gente garantir a mobilização e possa encerrar esse assunto dia 20, 21, 22 ou no limite dia 28, como está propondo o líder Aguinaldo”, disse Maia.

Segundo Maia, ele não admitiu, durante a reunião com representantes das centrais sindicais, nenhum desânimo ou descrença sobre a aprovação do texto do relator Arthur Maia (PPS-BA). “O que eu disse é que não pauto a reforma se não tiver voto. Vamos trabalhar para ter voto. O Brasil precisa da reforma da Previdência. É uma reforma que faz uma transição muito leve, com bons resultados e um impacto no curto prazo na economia, com a geração de milhões de empregos, e no longo prazo, com a possibilidade de muitos investimentos do setor privado no Brasil”.

O presidente da Câmara disse ainda que já está discutindo a agenda pós-reforma da Previdência, que inclui “a questão da privatização da Eletrobras, a reoneração da folha, pauta de segurança pública e reforma tributária”. Maia demonstrou confiança de que a proposta da reforma tributária tem chances de ser aprovada pelo plenário se for bem trabalhada, mesmo com o calendário apertado. “Se for um texto muito complexo, talvez não [dê tempo de aprovar a reforma tributária]. Mas, se a gente tentar fatiar e fazer uma parte agora, talvez a gente tenha sucesso.”

Líder

Ribeiro e Maia deram declarações diferentes sobre o calendário, mas concordam sobre arriscar a votação da reforma. Ribeiro também defendeu que a proposta não seja votada se não houver votos suficientes para a aprovação. Para ele, se faltar apoio para aprovar o texto em fevereiro, a proposta deve sair de pauta e ficar para a discussão durante a eleição presidencial deste ano.

“No governo Fernando Henrique, a reforma foi derrotada por um voto e tiveram que construir uma proposta alternativa, com um mínimo de mudanças, para que isso não afetasse a economia”, disse. Uma derrota do texto no plenário da Câmara, reforçou, passaria uma imagem negativa do país, de que o Congresso rejeita mudanças estruturais na economia.

Segundo Aguinaldo, esse discussão sobre se o governo insistirá na votação, mesmo com grande chance de derrota, apenas para “marcar posição”, ou se retirará o assunto da pauta, ainda não ocorreu entre os articuladores no Legislativo e o Palácio do Planalto.

 

Via Valor Econômico