As medidas tomadas recentemente pelo Banco Central para aumentar a oferta de crédito – com liberação de depósitos compulsórios (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária pelos bancos) e afrouxamento das regras de requerimento mínimo de capital para risco de crédito (um tipo de reserva que os bancos devem ter caso tomem calote de quem recebeu os empréstimos) não alteraram a previsão de que o crédito cresça menos este ano.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, o BC segue prevendo expansão de 12% para o crédito ofertado pelas instituições financeira neste ano – mesma previsão feita em junho deste ano. Em 2010, o crescimento do crédito dos bancos foi de 20,6%, passando para 18,8% de expansão no ano seguinte, para 16,4% em 2012 e para 14,6% em 2013.

De acordo com Maciel, as medidas anunciadas pelo BC contribuiram para que não fosse feita uma nova revisão para baixo na estimativa de aumento do crédito bancário neste ano. “Os impactos das medidas são relativamente modestos e têm efeito no médio prazo, principalmente nas modalidades de mais longo prazo, como veículos. Talvez em seis meses [tenham um impacto maior]. Temos apenas um mês dois meses da vigência destas novas medidas”, declarou o chefe do Departamento Econômico da instituição.

Em agosto, segundo números divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central, o crédito bancário total avançou 1%. Em doze meses até agosto, a expansão foi de 11,1%, ainda de acordo com números da autoridade monetária. Com recursos livres (sem contar BNDES, habitação e rural), a alta foi de 0,5% em agosto e de 5% em doze meses e, com recursos direcionados, o crescimento foi de 1,5% no mês passado e de 19% em doze meses até agosto.

Medidas do governo
Em julho e agosto deste ano, o Banco Central anunciou medidas para tentar destravar o crédito e, com isso, estimular um pouco mais o crescimento da economia brasileira – que vem registrando baixos níveis neste ano.

Em julho, a instituição já havia liberado R$ 45 bilhões para os bancos emprestarem e, em agosto, outras medidas injetaram cerca de R$ 25 bilhões para os bancos emprestarem aos seus clientes.

Além disso, o Ministério da Fazenda também anunciou medidas para medidas para facilitar a compra de imóveis financiados, além da concessão do crédito consignado para trabalhadores do setor privado e para retomada de garantias – como automóveis e caminhões – pelos bancos, em caso de inadimplência.

Bancos públicos e privados
Os números do Banco Central mostram que, mesmo em desaceleração, o aumento do crédito previsto para este ano será puxado pelos bancos públicos. A expectativa da autoridade monetária é de que os empréstimos dos bancos públicos cresça 17% neste ano, contra a previsão de alta de 7% dos bancos privados nacionais e de 6% das instituições privadas estrangeiras.

Crédito para veículos dá marcha ré
Os números da autoridade monetária mostram que o crédito para veículos vem registrando forte queda neste ano. No ano passado, houve uma retração de 0,2% nesta modalidade de financiamentos. Em doze meses até agosto deste ano, por sua vez, a contração foi maior ainda: de 4,7%.

Antes disso, os empréstimos para compra de automóveis vinham registrando expansão. Em 2009, 2010 e 2011, respectivamente, o crescimento foi de 14,2%, de 49,1% e de 26,6%. Em 2012, o crescimento foi de 8,8%.

Segundo o BC, o aumento da taxa de inadimplência, nos últimos anos, afetou estas operações. A inadimplência das pessoas físicas, porém, que atingiu 7,2% em julho de 2012, já melhorou e fechou agosto deste ano em 4,6%. “Mas ainda há espaço para recuar”, avaliou Maciel, do BC.

As medidas anunciadas recentemente pela autoridade monetária também têm por objetivo direcionar uma parcela maior de crédito para as compras de carros pela população. Pela nova regra do BC, para as novas operações de financiamento de veículos, a dedução de 60% do depósito compulsório (recursos que agora poderão ser direcionado para operações de crédito) irá considerar incremento em relação à média praticada no primeiro semestre de 2014.

 

Via G1 Economia