O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação de 2019 em 4,25% e a de 2020 em 4%. A margem de tolerância de 1,5 ponto percentual não foi alterada. O anúncio foi feito pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo de Oliveira, e pelo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. A meta estava em 4,5% desde 2005.

“Estamos fixando a meta de inflação para 2019 em 4,25% sinalizando convergência a padrões internacionais e, para 2020, fixando a meta de inflação em 4%. Portanto, nós estamos, com isso, fixando uma convergência gradual das metas a índices internacionalmente consagrados e estabelecidos, estamos ancorando as expectativas e assegurando crescimento do produto potencial”, afirmou Meirelles.

Ele falou ainda sobre o decreto editado nesta quinta-feira que ampliou o horizonte de fixação da meta não só para 2019, mas também para 2020. E a partir do objetivo de 2021, o CMN fixará a meta para três anos adiante. Segundo o ministro da Fazenda, a finalidade da extensão é gradualmente iniciar processo de convergência para padrões internacionais que tendem a ter horizontes relevantes mais longes.

“A ideia é que esses horizontes agora se ampliem para três anos dentro de uma trajetória gradual de maior ancoragem de expectativas de inflação e de uma otimização exatamente de uma convergência da meta gradual para padrões internacionais e ao mesmo assegurando crescimento da economia e do emprego”, frisou, acrescentando que a inflação caiu consideravelmente do início de 2016 até agora (3,6% em 12 meses) e, portanto, o momento é propício. Ele disse ainda que a credibilidade na politica monetária e do BC asseguram a convergência e consolidação de ancoragem das expectativas.

Pelo sistema de metas para a inflação, que vigora desde 1999, o CMN fixa a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, que tem como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic. Há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos, para absorver eventuais choques de preços.

Se ao fim do ano calendário a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está fora das bandas de tolerância, o presidente do BC é obrigado a escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando as razões do descumprimento e as ações que serão tomadas para que a inflação volte à meta. Entre 2006 e 2016, esse intervalo foi de 2 pontos.

Sobre as metas

O presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, reforçou a informação de que as metas de inflação são fixadas pelo CMN e não se tem a pretensão de mudar isso. “Fixamos metas e não pretendemos mudar. Nem as passadas e nem as futuras. Vamos definir três anos adiante e vão ficar e o BC vai fazer de tudo para cumprir. Enquanto as expectativas estiverem convergindo para a meta ao longo do tempo, estaremos contribuindo com a sociedade”, disse.

“Tanto as projeções de mercado quanto as nossas são condicionais a hipóteses que podem mudar”, disse. “Em 2017, a inflação tem surpreendido para baixo”, frisou Ilan, acrescentando que parte da queda da inflação deste ano se deve ao choque positivo de alimentos. “Vamos seguir as metas estabelecidas metas do CMN”, completou.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou ainda que alterar uma meta de inflação já definida tem um “custo”. “Do ponto de vista de ancoragem de expectativas, não seria uma boa indicação”, explicou, acrescentando que uma coisa é estender o horizonte e outra é em um período intermediário mudar a meta. “É importante que cada vez mais ancoremos expectativas para dar cada vez mais previsibilidade dos agentes econômicos”, contou.

Meirelles frisou que a meta de inflação de 2021 será fixada em 2018. “Não podemos antecipar decisões de CMN de próximos anos. Há sinalização clara de intenção do Brasil de convergir para padrões internacionais”, destacou o ministro. Ele ressaltou que, durante um período no país, a inflação ficou sistematicamente acima da meta, mas essa ideia não é correta. “Senão, a meta vira um piso. A inflação vai oscilar em torno da meta, dentro de uma política monetária bem-sucedida.”

O presidente destacou que o que é relevante para política monetária e econômica são as condições macroeconômicas, como a expectativa de inflação e a inflação corrente, e elas são favoráveis independentemente de considerações de ordem política.

Para o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, mudar a meta de inflação de 2018 ao longo do ano não é um bom precedente.

 

Via Valor Econômico