O mercado americano é o principal destino das exportações de produtos industrializados do Brasil e, também, de Santa Catarina. O início de um novo governo é uma oportunidade para buscar crescimento dos negócios porque o mercado americano paga bem e valoriza itens industriais.

O conselho é do vice-presidente executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Glauco José Côrte, ex-presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc). Segundo ele, hoje 23% dos produtos industrializados vendidos no exterior pelo Brasil têm como destino os EUA e 7%, a China.

Os Estados Unidos têm participação menor no destino da maioria das exportações do Brasil atualmente porque os últimos governos, especialmente do PT, passaram a priorizar outros mercados, observou Côrte. Para dele, o governo brasileiro precisa fazer um esforço para melhorar os negócios com os EUA e SC também.

– SC tem que ter uma presença mais forte nos Estados Unidos, ir mais para lá, realizar mais eventos, mostrar o que o Estado tem. Acho que isso daria condições de melhorar bastante a nossa performance, fazer parcerias, instalar linhas de produção lá. Eles valorizam os investimentos locais – sugere Côrte.

No período de janeiro a setembro, a pauta de exportação de SC aos EUA teve 532 itens entre produtos e grupo de produtos. A liderança ficou com industrializados de madeira porque a pandemia derrubou outros negócios.

Produtos de madeira aos americanos 

Com mudanças de mercado em função da pandemia, itens industrializados de madeira passaram a liderar a pauta de exportação de SC aos EUA. De janeiro a setembro deste ano, a liderança foi de peças para construções, que faturou 15,5% do total, 30% mais e obteve receita de US$ 152 milhões. Entre as empresas que se destacam nesse grupo está a Rozene Rossini, de José Boiteux, que exporta 86% da produção.

Ricardo Rossini, diretor da Madeireira Rozene Rossini
Ricardo Rossini, diretor da Madeireira Rozene Rossini

(Foto: Tânia Barth, Divulgação)

Segundo o diretor Ricardo Rossini, como o Brasil ficou fora da tarifa antidumping de 203% que os americanos aprovaram contra a China, os pedidos de importadores americanos cresceram 22% em setembro frente ao mês anterior.

Móveis em alta

O município de São Bento do Sul e a região se consolidaram como fabricantes de móveis de madeira renovável atender os Estados Unidos e Europa. A pandemia congelou vendas do setor aos americanos por dois meses, que logo foram retomadas com mais intensidade. Este ano, as exportações de móveis de São Bento do Sul cresceram 6% aos EUA e atingiram US$ 107 milhões até setembro.

Com a retomada mais intensa inclusive ao mercado interno, as indústrias de móveis de São Bento do Sul voltaram a contratar trabalhadores e enfrentam falta de componentes, entre os quais, MDF.

Mercosul e União Europeia

Durante a pandemia, o acordo Mercosul e União Europeia avançou na parte burocrática. Agora, precisa evoluir na política, que inclui consensos sobre democracia, direitos humanos e preservação ambiental. As informações são do embaixador da União Europeia e da Espanha, Ignacio Ibañez Rubio, em palestra na Logistique 2020, na última quarta-feira, dia 4. Segundo o diplomata, falta o Brasil fazer a parte dele na preservação ambiental, que é conter o desmatamento. Isso criará condições para a assinatura do acordo, talvez em 2021.

Visita na Amazônia

Rubio aceitou o convite para integrar comitiva da visita à Amazônia, organizada pelo presidente do Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão. O espanhol lembrou que o acordo Mercosul e UE exige do Brasil seguir as diretrizes do Acordo de Paris para clima, o que inclui a preservação das florestas.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti