Política econômica, multilateralismo e meio ambiente são pautas do futuro governo de Joe Biden que devem impactar positivamente a economia brasileira e de Santa Catarina. É claro que, em contrapartida, o governo brasileiro e as empresas terão que fazer a sua parte de arrumar a casa e fazer negócios. Uma das primeiras medidas do novo governo americano, ainda este ano, deve ser a aprovação de um pacote de estímulo para ajudar pessoas e empresas frente à pandemia. Mas, considerando o equilíbrio de forças no congresso, esse pacote pode não ser exagerado. É esperado algo em torno de US$ 1 trilhão, o que significará menos pressão por aumento de gasto público.

Assim, sem um pacote exagerado, como prometia o governo republicano, os EUA reduzem pressão por alta de juros e maior atração de dólar do exterior para as suas reservas. Isso evita a desvalorização de moedas de países emergentes, como o Brasil. Na última semana, a sinalização da vitória de Biden derrubou a cotação do dólar em mais de 6% no mercado brasileiro, que fechou em R$ 5,39 sexta-feira. Vale observar que a cotação do dólar no Brasil depende de outros fatores também e um que está pesando é o juro básico (Selic), que está no nível mais baixo da história, 2% ao ano.

A melhoria das relações internacionais é outra medida esperada no governo Biden com a volta do multilateralismo, incluindo a participação dos EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em outras instituições. Os europeus esperam a retomada das negociações de acordo comercial com os americanos. Isso é um alerta para o Mercosul acelerar também o seu acordo com os europeus.

Outra mudança aguardada é a redução da guerra fria entre os EUA e a China, com melhora das negociações comerciais, o que é positivo para a economia global. Isso, no entanto, pode afetar um pouco a vantagem de SC nas exportações de carne suína aos chineses.

Os negócios entre Brasil e EUA também podem melhorar. Isso porque o governo de Donald Trump atendeu a pressões internas e elevou tarifas para aço e alumínio brasileiros. SC quase foi muito afetada com tarifa antidumping de 203% na venda de madeira para construção civil, mas um estudo apurou que o preço praticado aqui era justo e só a China foi punida. A expectativa é de menos barreiras contra o Brasil, até porque a balança comercial entre os dois países é favorável aos americanos há anos, com destaque para produtos industrializados e matérias-primas.

Na área ambiental, a política de preservação sinalizada por Biden, com volta ao acordo de Paris para redução de emissões e cobrança direta para conter desmatamentos e incêndios na Amazônia e Pantanal, é bem-vinda. Isso porque o governo brasileiro já enfrenta muitas pressões internas e externas para conter a destruição de florestas e, assim, evitar retaliações comerciais futuras a produtos do agronegócio do país no primeiro mundo. A preservação de florestas também ajudará SC porque cientistas apontam que uma das principais causas de secas no Sul do país são as mudanças climáticas motivadas por desmatamentos na Amazônia.

Essas são questões gerais que melhoram cenários econômicos, mas para Santa Catarina crescer no mercado americano, o segundo maior mercado do estado, são necessárias iniciativas de empresas. Isso também está acontecendo.

Recentemente, além de grandes indústrias que estão tentando retomar exportações ao país de forma mais vigorosa e até instalando fábricas em solo americano, médias e pequenas empresas industriais e de serviços, especialmente de tecnologia, também estão investindo mais na conquista de clientes no mercado da maior economia do mundo.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti