Os resultados de junho mostram queda de 54% na importação de bens de capital

 

O primeiro destaque se refere ao comportamento da balança comercial, que atingiu a cifra de US$ 7 bilhões no mês de junho. O volume das exportações cresceu 15,6% em relação a junho de 2016 e o volume importado, 0,9% no mesmo período. Nas exportações esta é a maior taxa na comparação mês contra mês do ano anterior (2016/2017), e nas importações, a menor taxa. O desempenho das exportações é liderado pelas commodities que registraram aumento de 22,5% na comparação mensal do índice de volume.

 

O segundo destaque é a apresentação de uma nova desagregação dos índices de comércio exterior: bens de capital na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF); bens intermediários utilizados na agropecuária; e bens intermediários utilizados pela indústria de transformação. “Os resultados de junho mostram queda acentuada da importação de bens de capital, 54% em relação a junho de 2016, o que sugere que a recuperação da taxa de investimento na economia ainda está muito distante” segundo Lia Valls Pereira.

 

Índices de preços e volume agregados

 

O volume exportado cresceu 15,6% e os preços 3,2%, na comparação mensal entre junho de 2016 e 2017. Ressalta-se que a variação no volume vem seguindo uma tendência crescente e a dos preços tem sido declinante. O principal determinante para esse resultado é o desempenho das commodities, que explicam cerca de 55% das exportações brasileiras.

 

Na comparação mensal, a variação do volume exportado das commodities passou de 13% (maio 2106/17) para 22,5% (junho 2016/17) enquanto que para essa mesma comparação o preço caiu de 7,9% para 2,1%.

 

No caso das importações, a combinação de uma tendência de queda nos preços exportados e de aumento nos preços das importações levou a um declínio nos termos de troca, desde o início do ano, embora em relação ao ano de 2016, os termos de troca ainda estejam mais elevados. Entre junho de 2016/17, os termos de troca aumentaram 1,8%. Conforme já enfatizado nos boletins anteriores, estamos distantes de um cenário que sugira um novo boom de commodities.

 

Nos resultados para o acumulado no ano até junho, o volume exportado cresceu 10,3% entre 2016 e 2017 e o das importações, 10,5%. Caso se mantenha a tendência observada até junho, o volume exportado poderá superar o importado até o final do ano.

 

Índices desagregados por atividade econômica e categoria de uso

 

Na comparação mensal entre junho de 2016 e 2017, as maiores variações no volume exportado foram da indústria extrativa (54%) seguida da agropecuária (24%). Na indústria de transformação, o crescimento foi de 6%. Destaca-se, porém, a indústria de bens de consumo duráveis liderada pelo setor automotivo, com aumento de 50%.

 

A desaceleração nos preços exportados das commodities é confirmada na análise dos setores intensivos em recursos naturais. No acumulado do ano até junho, os preços da indústria extrativa cresceram 43% em relação a igual período em 2016, mas desde maio o ritmo do crescimento tem caído e na comparação mensal, em junho, os preços aumentaram apenas 1%. Os preços da agropecuária recuaram 7% em junho comparado com junho de 2016, enquanto que no acumulado do ano cresceram 4,4%. Logo, o “mini boom das commodities” foi liderado pelas exportações da indústria extrativa e os dados sugerem que está perdendo folego.

 

A indústria extrativa também liderou o volume importado entre os meses de junho 2016/17, 35%, explicado pelas compras de petróleo. O setor de agropecuária registrou queda, enquanto que o volume importado da indústria de transformação, após crescer a dois dígitos desde o início do ano, cresceu 3% na comparação mensal. Ressalta-se que a agropecuária foi o único setor que registrou aumento nos preços de importação, quer seja na comparação mensal ou no acumulado, devido às compras borracha natural (variação ao redor de 50%).

 

Não há diferença nas tendências já observadas no mês de maio, porém o aumento no volume exportado da agropecuária e da extrativa foi além do que era esperado.

 

Bens de capital e bens intermediários

 

O crescimento sustentado da economia requer investimento.  Observa-se no início de 2017, uma breve recuperação, mas que foi revertida a partir de março. Entre os meses de junho de 2016 e 2017, o índice recuou 54% e no acumulado do ano até junho, 14%.

 

O comportamento dos bens intermediários é um indicador do nível de atividade da economia. Separando-se os bens intermediários que são utilizados na agropecuária e os utilizados pela indústria de transformação, nota-se que o crescimento da produção agropecuária puxou a compra de bens intermediários para o setor (mostrando um comportamento sazonal), mas com tendência de forte aumento a partir de meados de 2016. Na comparação do acumulado do ano até junho, o índice cresceu 74%.

 

Por sua vez, os bens intermediários utilizados na indústria de transformação mostram uma ligeira recuperação a partir de meados de 2016. Na comparação do acumulado do ano até junho, o índice cresceu 20% e na comparação mensal de junho, 17%. No entanto, se compararmos o resultado do 1º semestre de 2017 com o de 2014, o índice registra queda de 13%. Logo, o resultado do índice no primeiro semestre em 2017 confirma a previsão de uma melhora do PIB em relação ao ano de 2016, mas as compras estão inferiores em relação a 2014, quando o PIB cresceu 0,1%. Pode ter havido uma mudança na estrutura das importações de bens intermediários e/ou a indústria está cautelosa.

 

 

Via Economia SC