Apesar de provisório, o governo do presidente Michel Temer acaba de formar uma competente equipe econômica que precisa apresentar resultados e, assim, conquistar a confiança dos investidores. O maior desafio, até hoje postergado, é a aprovação de uma reforma da Previdência que seja realista, isto é, que defina custos viáveis ao Brasil. Esse problema foi o primeiro discutido pelo governo segunda-feira, quando foi criada uma comissão que já se reúne na manhã de hoje para discutir o tema.
A expectativa é de que as centrais sindicais sejam mais técnicas e racionais nas suas defesas sobre esse assunto delicado. Elas alegam que as mudanças previstas pela fórmula 85/95 já impõem idade mínima de 60 anos para mulheres e 65 para homens em 2026, por isso seriam suficientes. Se assim fosse, não precisaria de nova reforma. O fato concreto é que o déficit do setor é de
R$ 200 bilhões este ano, o país gasta 12% do PIB com inativos e não há dinheiro para sustentar o crescimento acelerado das despesas nessa área. Estados como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul atrasaram pagamento de aposentadorias e o problema pode chegar ao governo federal caso nada for feito e a crise continue.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o mais importante é a pessoa saber que vai receber o benefício. Com crise e gastos descontrolados, não dá para ter essa certeza. O novo titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, que assumiu ontem, afirmou que o assunto da Previdência não deve ser tratado com paixão. Hoje, para cada aposentado há seis trabalhadores na ativa. Em 2040, serão quatro empregados para cada inativo. Isso significa que, além de ajustar as contas, temos que formar melhor as crianças e jovens para eles gerarem mais riqueza e impostos nas próximas décadas.

 

Via DC – Coluna Estela Benetti