Os anos de 2015 e de 2016 foram os primeiros na série histórica de contas nacionais a apresentarem resultados negativos anuais consecutivos desde 1948, disse a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

 

Em 2015, a economia caiu 3,8%; e em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 3,6%. “Se olharmos o biênio 2015­2016, houve uma queda acumulada de 7,2% no PIB”, afirmou ela, comentando que, ao avaliar os biênios de resultados do PIB desde 1948, nunca houve queda mais profunda.

Ao ser questionada se esta seria a pior recessão da história do país, a técnica afirmou apenas que, antes de 1948, não havia medições do IBGE para a variação da atividade na economia, mas disse que o período recessivo atual do país é o mais intenso desde então.

 

Durante coletiva de imprensa sobre as contas nacionais de 2016, ela disse que o IBGE tem duas séries históricas para o PIB: a originada de 1996, com números de todos os segmentos comparáveis, e uso de metodologia atualizada; e a série mais antiga, originada de 1947, sem uso de nova metodologia.

Embora a metodologia não seja igual, a especialista disse que as taxas anuais do PIB podem ser comparadas em seus resultados.

Com o recuo na economia nos anos de 2015 e de 2016, a especialista informou que o patamar do PIB voltou ao nível observado no 3º trimestre de 2010. “É como se, desde aquele período [3º trimestre de 2010] nós tivéssemos perdido todo o crescimento observado [na economia desde então]”, afirmou a economista.

Ao ser questionada se os números refletem aprofundamento da recessão, a especialista concordou. Ela lembrou que, nos anos de 2008 e de 2009, na época do impacto na economia brasileira originada da crise global, houve recuos nas taxas trimestrais do PIB; mas um ou outro setor apresentava resultados positivos. “[A queda na atividade] foi uma coisa disseminada na economia toda, o que não foi muito comum de acontecer”, afirmou.

Ela notou ainda que a economia de serviços, que representa em torno de 70% do PIB, foi muito afetada pela recessão em 2016. Esta atividade encerrou ano passado com queda de 2,7% ante ano anterior. “Na crise de 2009, os serviços foram afetados – mas, os impactados foram os relacionados à indústria, que também mostrava recuo na atividade naquela época. Mas agora, o recuo [em serviços] foi espalhado, por todos os segmentos”, afirmou.

 

Via Valor Econômico