O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, admitiu nesta segunda-feira (29) que a política fiscal, ou seja, aquela relativa às receitas e aos gastos públicos, tende a ser “expansionista” neste ano.

Até o momento, a análise da autoridade monetária era de que a política de gastos públicos deveria ser neutra neste ano – ou seja, sem elevações de gastos em relação a 2013. Com essa alteração, o BC se aproximou do ponto de vista que já vem sendo externado há vários meses por economistas do mercado financeiro.

O Banco Central observou que trabalha com o chamado superávit estrutural para as contas públicas (que exclui receitas e despesas não recorrentes) e não com a meta de superávit primário – que são as receitas, menos despesas, sem inclusão de juros, que serve de referência para as metas fiscais brasileiras. Para 2014, a meta de superávit primário é de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB para o setor público, mas analistas do mercado acreditam que ela não será atingida.

“Já há algum tempo a gente vem trabalhando com uma política fiscal, que se encontrava expansionista, se deslocava para a neutralidade. Mas as evidências apontam que nossa hipótese não va se confirmar para 2014 e que [a política de gastos públicos] vai ser expansionista”, declarou o diretor, acrescentando que uma política de despesas “expansionista” teria contribuído, em princípio, para aumentar as pressões inflacionárias.

Questionado por jornalistas, o diretor do Banco Central não respondeu se a meta de superávit primário deste ano, de 1,9% do PIB, ou R$ 99 bilhões, será atingida. “Temos repetidamente destacado que estamos olhando para as medidas de superávit estrutural [que exclui receitas e despesas não recorrentes]”, declarou.

No relatório de inflação de junho deste ano, o BC informava que o superavit primário, registrado no primeiro quadrimestre, mostrava-se “consistente com a meta de 1,9% do PIB, estabelecida para o ano”. No relatório do terceiro trimestre, documento que foi divulgado hoje, essa análise foi suprimida.

Para Carlos Hamilton, diretor do Banco Central, as “evidências” indicam, porém, que a hipótese de que a política de gastos públicos vai se dirigir para a “neutralidade”, da autoridade monetária, se confirmará.

Via G1 Economia