Em meio à crise econômica trazida pela pandemia, o mercado imobiliário em SC cresceu e continua em alta. Especialistas avaliam que o boom no setor permanece, embora seja esperada uma alta mais discreta do que em 2021. 

Se no ano passado a venda de imóveis aumentou 26% no país, de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), neste ano a expectativa é que fique em 5%, segundo levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Em SC, a procura aumentou pelo menos 30% ao longo de 2020.

Essa tendência de alta nas negociações ocorre apesar dos preços. Os insumos da construção civil estão escassos e mais caros, devido à pandemia e à desvalorização do real frente ao dólar. Isso encarece os custos, especialmente para imóveis novos – que são os mais procurados.

Em 2021, dois propulsores de alta observados ao longo de 2020 permanecem: mais investidores no mercado, e mais compradores interessados em upgrade de propriedade ou em sair do aluguel.

No caso dos investidores, o que aumenta o interesse em imóveis é a baixa de juros e a consequente redução de rendimento com os investimentos mais conservadores e tradicionais. Corretores de SC relatam que os investidores são a maior parcela entre os clientes que chegaram com a pandemia, a maioria industriais e empresários do agronegócio, que tiveram um ano bom – e lucro – com o aquecimento das exportações. São pessoas que buscam oportunidades de bons negócios em SC, especialmente no Litoral.

Para esse público, as vendas online ajudam a movimentar o mercado. O e-commerce da construção civil atingiu níveis inéditos a partir do ano passado, com empreendimentos que tiveram as vendas esgotadas em poucas horas. Os imóveis de luxo são os mais procurados nesse setor.

Já o segundo caso, da busca por um imóvel melhor para viver, é consequência direta da pandemia. Com mais tempo em casa, e menos possibilidade de viajar, mais gente decidiu morar melhor. A alta no valor dos aluguéis colabora com a tendência. Os valores de alugueis são reajustados pelo IGP-M, e subiram até 32% do ano passado para cá. Por outro lado, a compra de imóveis conta com taxas de financiamento a juro baixo, o que torna o investimento mais interessante.

A manutenção das taxas de juros de financiamento, a alta do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que têm elevado o valor dos aluguéis e gerado discussões a respeito das correções nas negociações, são alguns dos fatores analisados para projetarmos a manutenção do boom imobiliário em 2021. Acreditamos que o mercado já atingiu o seu mais alto patamar e deverá se manter neste ano, também com opção de investimento seguro e menos volátil, com alta valorização do metro quadrado – avalia Renato Monteiro, CEO da Sort Investimentos, de Balneário Camboriú – consultoria especializada em imóveis com foco em investidores.

A empresa negociou cinco vezes mais em 2020, em comparação com 2019. A expectativa é alcançar, até o fim do ano, a mesma movimentação registrada no ano passado: R$ 300 milhões em imóveis vendidos.

As construtoras, que fazem vendas diretas, também registram a mesma tendência. Na Capital, a WOA Empreendimentos Imobiliários teve aumento de 60% na procura por imóveis, desde o segundo semestre do ano passado.

A construtora FG, que atua principalmente em Balneário Camboriú, registrou crescimento de 127% no VGV (valor geral de vendas) em 2020. Na cidade, as obras de alargamento da faixa de areia movimentam a construção civil: a expectativa é que aumentem em até 20% o preço dos imóveis à beira-mar.

Via NscTotal – Coluna/Dagmara Spautz