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O que preocupa os agricultores são os preços menores da soja e milho, principais produtos de comercialização

Santa Catarina está encerrando a colheita de grãos da safra 2022-2023, com maior produção, a exemplo da média nacional. Mas o que preocupa os agricultores são os preços menores da soja e milho, principais produtos de comercialização. A Epagri Cepa, que registra dados do setor, apurou queda de 11,4% no preço do milho entre março e abril e de 8,01% no preço da soja no mesmo período. Custos menores começam a se refletir nos preços das carnes.

Segundo a Epagri Cepa, a safra de soja deve alcançar 2,98 milhões de toneladas, a maior já registrada pelo Estado. Mas em função da produção recorde nacional, os preços estão em queda. Fecharam em abril a R$ 137,81 por saca, preço 21,8% menor que há 12 meses.

De acordo com o analista de mercado da Epagri Cepa, Haroldo Elias, o Brasil vai colher este ano 154 milhões de toneladas de soja. O preço internacional do grão está em queda devido à influência da maior oferta do Brasil e da expectativa de produção recorde também nos Estados Unidos.

  • Além disso, a alta dos juros americanos também está influindo. Fundos de investimentos deixam de comprar commodities e vão para aplicações financeiras mais seguras. E nós dependemos do preço de Chicago – explica Haroldo Elias.

O Estado também terá boa colheita de milho. Somando a primeira e a segunda safra, serão 2,89 milhões de toneladas, após enfrentar retração devido à seca nas duas safras anteriores. Mas nos últimos 12 meses, os preços caíram 18,8% e o preço da saca em meados de maio estava em cerca de R$ 55.

Os preços do milho também são influenciados por Chicago. Outra novidade no mercado é que a China, grande comprador dessas commodities, está adquirindo menos do que nos anos anteriores.

Outro tema que gera discussão no mercado é a demora para que essa redução de preços de grãos acabe impactando também nos preços das carnes, com redução.

Mas essa queda está ocorrendo, gradativamente, principalmente no preço do frango. Segundo o analista de mercado de carnes da Epagri Cepa, Alexandre Ghielh, os preços menos de grãos já impactam no menor custo de produção de carnes. O levantamento da Embrapa apurou queda de 4% no custo de produção do frango de março para abril e redução de 6% no custo de produção de suíno no mesmo período.

  • O preço da carne já vem registrando algumas quedas. A gente não acompanha o preço ao consumidor, mas nós acompanhamos até o atacado e segundos levantamentos que a gente tem, o preço da carne de frango já caiu quase 15%. Essa redução começou em novembro do ano passado – informa Alexandre Ghielh.

No caso da carne suína, houve redução de 3,5% no preço este ano. Segundo o analista, é provável que o preço caia menos porque foi o produto que menos teve variação de preços nos últimos anos e os produtores enfrentaram muita defasagem.

Outro fato que influencia é que a carne de frango é menos consumida no Brasil e 30% da produção de SC é exportada. No ano passado, a pesquisa sobre disponibilidade interna apurou consumo de 19 quilos de carne suína por pessoa no pais. A carne de frango liderou com 38,3 quilos e a carne bovina chegou a 26,7 quilos por pessoa.

Jorge Luiz Lima, diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes de Santa Catarina (Sindicarnes), afirmou que não deve ter um recuo nos preços de carnes porque as compras desses insumos pelo setor produtivo são feitas no futuro, com outros preços.

Os valores finais não estão relacionados somente aos preços de grãos. Ele destaca que nos últimos anos houve um aumento geral de todos os insumos. Segundo Lima, o câmbio e custos fixos estão pressionando bastante.

Além disso, há a preocupação dos agricultores sobre essa média de preços baixos. No caso da soja, no último ano ela chegou a R$ 180 por saca ou mais. Isso está inibindo negócios no meio rural, como compra de máquinas, equipamentos e insumos. A torcida é que o setor consiga cobrir os custos de produção da safra colhida. Se não, os agricultores comprarão menos insumos para a próxima safra.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti