Um número explica o motivo pelo qual a crise passou a pesar mais para os catarinenses a partir de meados do ano passado: o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, no período acumulado de agosto de 2015 a julho de 2016, teve queda de 5,1%, uma retração não registrada pelo menos desde os anos 90, quando o país enfrentou a última recessão. Esse cálculo estimado a partir de diversos indicadores econômicos disponíveis até o mês passado foi feito por uma equipe das secretarias da Fazenda e do Planejamento do Estado.

Segundo o economista Paulo Zoldan, membro da equipe, apesar de recorde para SC, a queda é menor do que os -5,6% estimados para o Brasil no mesmo período pelo Banco Central, o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB. Conforme Zoldan, os cálculos estimados pela equipe para o PIB catarinense do ano passado apontaram queda de 4,1%. Ele explica que a maioria dos setores considerados no cálculo do PIB tiveram queda forte, tanto no segundo semestre do ano passado quanto no primeiro deste ano, apenas a agropecuária tem apresentado resultados positivos.

No período de julho de 2015 a junho de 2016, o varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, teve queda acumulada de 12,1% no período no Estado, segundo o IBGE. O varejo restrito, sem esses dois setores, caiu 6,2% no mesmo período. A produção industrial teve retração de 8% nos 12 meses e as exportações recuaram 15,5%. Os serviços, que também têm importante peso no cálculo do PIB, tiveram queda de 7% desde julho do ano passado. E a arrecadação de ICMS avançou apenas 1,3% nesses 12 meses até junho em SC.

 

Sinais de recuperação
Embora os últimos números de SC apresentem um sobe e desce, com saldo de 13.453 postos de trabalho a menos de janeiro a julho, tudo indica que a retomada do crescimento vem a partir da indústria. Em junho, o setor registrou crescimento de 5,4% frente ao mês anterior e, pela primeira vez após 11 meses, alcançou crescimento em relação ao mesmo mês do ano passado, de 0,6%. A confiança do industrial de SC também superou os 50 pontos, o que indica retomada de investimentos. O IBCR-SC cresceu 1,23% em junho frente a maio, o que é um bom sinal.

Há um dado nacional importante também indicando retomada, que deve ser divulgados no PIB do segundo trimestre quarta-feira: a taxa de investimento do país (Formação bruta de capital fixo) cresceu perto de 0,40% no período após 10 trimestres consecutivos de retração. O Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) projetou alta de 0,38%; e a FGV, de 0,42%.

O economista Paulo Zoldan destaca que entre os indícios de que a crise está passando em SC estão a queda do endividamento das famílias, queda da inflação e outros indicadores que continuam em queda pararam de piorar.

— Caso a crise política seja resolvida e haja clara sinalização de que o governo vai retomar o controle das contas públicas, se espera que a confiança volte e os investimentos decolem. Há abundantes recursos financeiros no mundo à espera de portos seguros para desembarcar  — analisa Zoldan.

 

Via DC – Coluna estela Benetti