A retração de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado, quase igual à queda de 3,8% do ano anterior, 2015, gerou uma recessão acumulada de 7,2% em dois anos, resultante de erros de gestão e corrupção. Esta foi a pior recessão da história do país, superando inclusive as quedas de 2,1% em 1930 e 3,3% em 1931, ambas devido aos efeitos da grande depressão mundial de 1929. O resultado vermelho do ano passado implica num carregamento de taxa negativa para este ano. Apesar disso, alguns números indicam que o pior já passou.

A economia de Santa Catarina também foi duramente atingida pela crise. O PIB do Estado sai um ano depois. Mas o economista Paulo Zoldan, responsável pelo cálculo estadual, estimou queda de 5,1% em 2015 e prevê retração em torno de 3,6%, igual à nacional em 2016.

Apesar das dificuldades, o Estado sofreu menos quando se observa outros indicadores além dos do PIB. Um deles foi a menor taxa de desemprego do país no ano passado, de 6,2%, enquanto a média nacional ficou em 12%. A agricultura e o setor de alimentos foram bem no ano passado, o que se refletiu na geração de empregos, exportação e maior arrecadação de impostos.

Dois destaques positivos deste ano são a abertura de mais de 11 mil postos de trabalho em janeiro e o crescimento de 23% das exportações no primeiro bimestre. A tendência é que a economia catarinense seja uma das primeiras a sair da crise. As razões principais são a diversidade, o grande número de pequenas e médias empresas e a ausência de uma grande companhia que, em crise, puxa muito os números para baixo, avalia Zoldan.

Inflação e reformas
A profunda recessão ajuda a derrubar a inflação. Por isso, o resultado pior da economia no quarto trimestre abre caminho para o Banco Central acelerar a queda da taxa Selic, com cortes de 1 ponto percentual nas próximas reuniões. Além disso, apesar da instabilidade política, as reformas estão avançando. Se o Congresso aprovar a da Previdenciária e a trabalhista, a confiança do setor privado na economia vai crescer, facilitando a volta dos investimentos e o fim da crise. A propósito, a taxa de investimentos do país (formação bruta de capital fixo) ficou em 16,4% do PIB em 2016, inferior a de 2015, em 18,1%. Ambas são muito baixas para gerar crescimento.

 

Via DC – Coluna Estela Benetti