Neste Natal, admissões temporárias devem recuar 3%, para 101 mil, enquanto em igual período de 2015 vagas despencaram 35%; comércio varejista paulista teve alta de postos em agosto

 

Especialistas avaliam que a queda nas contratações de trabalho já passou pelo seu pior momento e que indicadores econômicos apontam para uma tendência de pequena melhora nos próximos meses.

Exemplo disso é a expectativa de forte desaceleração do recuo das contratações temporárias para este final de ano. Um levantamento feito pelo Centro Nacional de Modernização Empresarial (Cenam) mostra que neste Natal as empresas devem contratar 101 mil trabalhadores temporários, uma retração de 3% em relação ao ano passado. Em 2015, essas contratações haviam despencado 35% frente a 2014, acumulando 105 mil vagas.

A pesquisa foi encomendada pelo Sindicato das Empresas de Trabalho Temporário e de Terceirização no Estado de São Paulo (Sindeprestem) e pela Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirização (Fenaserhtt).

De acordo com o levantamento, a indústria deve absorver 56,6 mil trabalhadores, os serviços, 10,1 mil, e o comércio deve ficar com 34,3 mil, sendo que metade serão empregados apenas no Estado de São Paulo. Dos 101 mil temporários, cerca de 5 mil devem ser efetivados, uma taxa de 5% do total, proporção idêntica aos que foram admitidos formalmente pelas empresas após as compras de final de ano em 2015.

A gerente executiva do Sindeprestem, Joelma de Matos Dantas, avalia que a desaceleração na queda das contratações temporárias indicam que o “fundo do poço” na retração de vagas já ocorreu. “O pico deste problema no mercado de trabalho já foi. Por outro lado, os dados mostram um ambiente de trabalho bastante desaquecido, exemplo disso é que somente 5% dos temporários serão efetivados”, diz.

O assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina, comenta que, enquanto em julho de 2015 o comércio varejista do Estado de São Paulo registrou demissão líquida (demissão maior que contratação), no mesmo mês deste ano, o setor admitiu 400 trabalhadores.

“Já em agosto do ano passado, o comércio varejista gerou um pouco mais de quatro mil vagas de trabalho, enquanto no mesmo mês deste ano, foram criados 7.200 postos, quase o dobro”, informa Pina.

“Olhando esses números, é possível afirmar que o empresário está esperando vender mais neste ano do que ele vendeu em 2015. Essa perspectiva também deve se refletir na realização de contratação”, complementa o economista.

Informações do Sebrae também indicam sinal de melhora na tendência.

Segundo a instituição, os pequenos negócios voltaram a ter um número maior de contratações do que o de demissões em agosto. Isso não ocorria desde fevereiro deste ano.

Enquanto as médias e grandes empresas apresentaram um saldo negativo de empregos, com o encerramento de 34 mil vagas, as micro e pequenas empresas tiveram um aumento de 623 postos de trabalho.

O setor que mais contratou trabalhadores foi o de serviços, que teve um incremento de 10,8 mil vagas, seguido pelo comércio, com 5,2 mil.

Em 2017

O economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Raone Costa diz que a expectativa de estabilização da economia deve provocar, ao menos, uma manutenção no número de vagas abertas de trabalho. “Em 2017, dificilmente teremos um número de vagas abertas menor do que neste ano”, destaca.

“Estou mais esperançoso para o próximo ano. A economia está parando de cair e, dependendo do ritmo de recuperação, é possível até ter um pequeno avanço na geração de postos. Algo positivo nisso tudo é que, pelo menos, o nível de geração de vagas está mais equilibrado com o nível de atividade econômica”, reflete.

Apesar da tendência de estabilização, a taxa de desemprego deve se manter elevada neste ano e em 2017. Nas projeções do Itaú Unibanco, a taxa deve chegar a 12,5%, em dezembro 2016, e em 12,2%, no mesmo mês de 2017. Já para o banco Santander, a estimativa é de 12,4% e de 10,3%, respectivamente.

No trimestre encerrado em agosto, a taxa de desocupação já bateu 11,8%, atingindo 12 milhões de brasileiros, o maior resultado já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). A série histórica da pesquisa foi iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em igual período de 2015, a taxa de desemprego estava em 8,7%. Já a renda média real do trabalhador foi de R$ 2.011 mil no trimestre até agosto, uma queda de 1,7% em relação a igual período de 2015.

Via DCI