Os primeiros 100 dias do governo de Carlos Moisés entram para a história como o início mais apreensivo de gestão estadual em Santa Catarina para o setor produtivo. Tudo porque, com base em decretos do governo anterior, sinalizou que iria eliminar a maioria dos incentivos fiscais que, para diversos setores econômicos, implicaria em perdas de mercado e outros problemas. Mas o diálogo foi aberto, as negociações também, e com mais números e fatos sobre a mesa está sendo possível buscar uma solução favorável e transparente para o equilíbrio econômico.

Apesar disso, boa parte dos setores econômicos e a arrecadação seguiram crescendo. O governador destacou na entrevista coletiva de ontem que SC abriu 45 mil novos empregos em janeiro e fevereiro, mais do que todo o ano passado quando teve saldo positivo de 41 mil vagas. As mudanças na forma de arrecadação e suspensão de incentivos ano passado impactaram positivamente a arrecadação deste ano que encerrou março com alta de 14,2% após crescer 12,29% em janeiro e 18,35% em fevereiro frente aos mesmos meses do ano anterior. Segundo o secretário da Fazenda, Paulo Eli, o acréscimo de receita superou R$ 700 milhões, embora as contas continuem com saldo negativo.

Conforme o governador, a decisão de reavaliar os incentivos não afastou investidores privados, disse o governador. Mas as federações empresariais ouvidas pela coluna, da agricultura, comércio e indústria, afirmaram que a mudança nos incentivos gerou apreensão. Para a agricultura, ainda restam preocupações.  

Avanços

A gestão voltada à redução de despesas realizada nos três primeiros meses do governo de Carlos Moisés é positiva, avalia o presidente da Fecomércio-SC, Bruno Breithaupt. Sobre os incentivos, ele disse que houve apreensão inicial, mas foi aberto o diálogo com o encaminhamento de nova política tributária. O empresário também reconhece avanços na segurança, uma das prioridades do setor.

– A gestão colegiada da Secretaria de Segurança Pública tem mostrado iniciativas de aproximação da segurança pública com a sociedade e isso é de extrema importância na diminuição da sensação de insegurança – diz Breithaupt.

Competitividade

Num primeiro momento, o novo governo assustou a indústria com os decretos sobre incentivos fiscais, afirma o presidente da Fiesc, Mario Cezar Aguiar.

– Nós tínhamos certeza de que o fim dos incentivos tiraria a competitividade da economia de Santa Catarina. Mas por várias razões, o governo mudou de opinião, passou a dialogar e estamos construindo uma proposta conjunta – diz Aguiar.

O industrial considera positivos os cortes de cargos comissionados, das ADRs e a manutenção do compromisso de não elevar a carga tributária para reduzir custeio e o Estado poder investir.

Intranquilos

O presidente da Federação da Agricultura (Faesc) José Zeferino Pedrozo, afirma que os decretos mudando os incentivos fiscais deixaram o agronegócio de SC intranquilo nos primeiros 60 dias do governo de Carlos Moisés. – Não podemos ter condição tributária diferente do Rio Grande do Sul e do Paraná. O que eles produzem, nós também produzimos. Se há desequilíbrio, os negócios mudam de Estado, diz Pedrozo.

O líder rural segue apreensivo com o plano de tributação de agroquímicos. Defende estudos sobre excesso e atenção à política dos vizinhos.

Corrupção

Eleito na onda Bolsonaro de combate à corrupção, o governador Carlos Moisés disse que está fazendo governo íntegro.

– Combate à corrupção primeiro é ter um governo sério e honesto. Isso vocês têm. Não estou preocupado se vou ser eleito, reeleito, se serei candidato ou não. Eu não quero acerto com ninguém. Vou aplicar (recursos) onde  que precisa ser aplicado. Isso mudou e as pessoas ainda não acreditam. Um dia elas vão acreditar. O que aconteceu aqui em Santa Catarina, vai servir de modelo para o Basil. Vamos fazer história. Quem viver verá. Eu espero viver. Será um divisor de águas – disse

No BRDE

O presidente do BRDE, Neuto de Conto, espera a nomeação do novo presidente da instituição pelo governo de SC. Aos 80 anos, o político que foi senador e exerceu vários outros cargos, pretende se aposentar.

Via NSCtotal – Coluna Estela Benetti