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Levantamento da Fecomércio apontou que catarinenses devem gastar menos de R$ 450 em presentes; em contrapartida, vendas na internet disparam

Os consumidores catarinenses devem gastar menos nas compras de Natal em 2021. É o que aponta uma pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio). Para especialistas, a escolha por diminuir os gastos é reflexo da redução do poder de compra e da inflação.

O levantamento foi realizado entre os dias 4 e 25 de novembro em sete dos maiores municípios do Estado: Chapecó, Lages, Florianópolis, Criciúma, Joinville, Itajaí e Blumenau. 

Segundo a Fecomércio, para este Natal, os catarinenses têm a intenção de gastar, em média, R$ 434,36. O número é 3,9% menor do que em 2020 – R$ 451,77 – mas, segundo a entidade, ao considerar a inflação acumulada nos últimos 12 meses, a queda é ainda mais acentuada: 13,1%. 

Para a federação, isto mostra o impacto da crise econômica, agravada pela pandemia da Covid-19.

— O consumidor vem mudando o seu hábito de compra desde o ano passado, em virtude da pandemia, e tem buscado se resguardar na hora da compra. O número, inclusive, é menor do que o preço gasto em 2019. Ou seja, há uma redução de um poder de compra, que está ligado à inflação — explica o economista da Fecomércio, Alison Fiuza.

Um dos pontos que ajuda a explicar a queda no valor é a situação das famílias entrevistadas. Segundo a pesquisa, 35,3% declaram que estão em um momento econômico pior do que em 2020. No ano passado, por exemplo, esse índice era de 22,4%. Por isso, a economista e professora da Univille, Jane Floriano, explica que essa tendência já era esperada.

— Sempre que há esse movimento de recessão e de crise, há uma tendência natural dos consumidores reduzirem o consumo. Primeiro, é por conta da perda de renda e depois devido à contenção de gastos, para evitar um endividamento — salienta. 

Além disso, ela afirma que isso deverá ter um impacto negativo para o comércio. Isto porque, com o consumidor comprando menos, as lojas terão um retorno menor, já que elas dependem do volume de vendas.

Pesquisa é opção para consumidores 

Por conta dos preços, o catarinense tem recorrido a uma prática simples para garantir a economia neste fim de ano: a pesquisa. Segundo a Fecomércio, 87,6% dos entrevistados alegaram que vão realizar pesquisa de preço antes de comprar algum produto neste Natal.

Entre eles, está o jornalista Matheus Petter. Ele conta que costuma pesquisar os preços dos produtos cerca de dois meses antes da compra.

— Eu sempre costumo fazer pesquisa de preço antes, não somente, mas também para as compras de Natal. Geralmente, em outubro e novembro eu já tenho uma ideia dos presentes que pretendo dar e fico acompanhando os valores nos sites — explica. 

O preço, inclusive, vem sendo o principal atrativo na hora da compra. Segundo Alison Fiuza, economista da Fecomércio, é possível perceber que os consumidores estão priorizando o valor e deixando o local e a qualidade em segundo plano na hora de escolher um produto.

A compra pela internet também se tornou uma opção entre os consumidores. De acordo com a pesquisa, 17,3% alegam que vão comprar o presente por meio de plataformas online. Em 2019, por exemplo, a intenção era de 5,4%. Para Fiuza, essa mudança de comportamento também está relacionada com a pandemia:

— Isso vem acontecendo desde o ano passado. Por conta da pandemia, os consumidores têm preferido fazer suas compras pela internet, devido à necessidade de permanecer em casa. Mas, ainda assim, o comércio de rua continua sendo o formato mais procurado.

Além disso, a economista Jane Floriano alega que a internet também permite que o consumidor possa aprofundar a pesquisa de preço sobre determinado produto. 

— Esta é uma tendência sem retorno [a compra pela internet]. Pode ser que algumas pessoas ainda queiram ir nas lojas para ver a qualidade do produto, mas a internet trouxe uma facilidade. A possibilidade de você fazer a pesquisa e utilizar aqueles buscadores, em que você coloca o produto e o preço que você quer pagar, ajuda muito no seu dia a dia — pontua.

Black Friday antecipou compras de Natal 

Outra mudança apontada pela pesquisa foi a data para a compra do produto de Natal. Isto porque muitos consumidores têm aproveitado as compras da Black Friday para garantir os presentes. Matheus Petter conta que foi um deles:

— Inicialmente, eu não pretendia fazer compras durante a Black Friday, com o objetivo realmente de economizar neste fim de ano. Porém, eu já tinha algumas ideias de presentes de Natal que compraria para minha família e amigos mais perto da data. Com a semana da Black Friday, coincidiu que encontrei alguns dos presentes com descontos de 20% a 50%.

De acordo com a Fecomércio, 16% dos consumidores haviam relatado que adiantariam as compras de Natal durante a Black Friday. Mesmo assim, Alison Fiuza, economista da Fecomércio, acredita que isso não deve afetar a representatividade que o Natal tem para o comércio. 

— O preço menor [na Black Friday] não faz com que o Natal tenha uma procura menor. Mesmo com essas promoções, a data pode continuar tendo a mesma representatividade para o comércio, principalmente por conta da circulação do décimo terceiro — diz Fiuza.

Lista pode ser opção para garantir o presente 

O economista Alison Fiuza traz, ainda, algumas dicas de como garantir o presente para a família com economia:

— O primeiro passo é fazer uma lista de quais são esses produtos e presentes que você gostaria de adquirir e definir um preço máximo. Depois, a dica é fazer a pesquisa de preço. Se for comprar com dinheiro, à vista, também é importante tentar negociar com o comerciante. Lembrando que é preciso ter cautela para não comprometer o orçamento do próximo ano.

Via Diário Catarinense