Não cair em tentação

A malversação dos recursos públicos não é uma característica exclusiva de brasileiros desonestos. Roda os quatro cantos do planeta, com maior ou menor intensidade. Em determinada região, quando descoberto, o envolvido, por questões de honra, atenta contra a própria vida; em outra, decepam alguns membros; tem os que amargam a degradante prisão; ou, ainda, o confisco de parte do que fora usurpado. Enquanto isso, contingente expressivo, responde a algum processo quando “pego com a mão na massa”, mas sem interferência das atividades normais, em relação ao cargo ou função no setor público. Não se está aqui praticando o pré-julgamento. Que há evidência, não resta dúvida. Um dos vieses institucionais da Polícia Civil é o combate à corrupção – da prevenção à repressão. Para tal, deve estar devidamente estruturada de pessoal e equipamentos, alinhados com outros órgãos como Ministério Público, Poder Judiciário e, em se tratando de sonegação de tributos, os órgãos de receitas, como a secretaria da Fazenda. Na outra ponta o povo honesto, arregaçando as mangas, independentemente da posição social e no exercício da função, se pública ou privada. A visão dos resultados é uma constante e, de preferência, que dê algum lucro, pois no dito popular; “não existe almoço grátis”. Há quem deixa de negociar com o poder público evitando ser achacado.

Panela de expert 
Do lado privado, a ganância é tamanha ao ponto de se criar artimanhas viciadas, onde só entram os amigos e propensos a repartir o fruto das falcatruas. Estimam-se 51 contratos fraudulentos num momento desviado na ordem de R$ 30 milhões. Concorrentes participam sem saber que estão sendo “tirados para bobos”. Os resultados, devidamente mapeados, as negociações se proliferando em outros municípios, a rapaziada se expandindo em ambiente de negócio não tão apropriado. E chovem reclamações dos preços, da inflação, da escassez de clientes, do governo safado e carente na prestação da saúde, segurança e educação, mas nada de se olhar no espelho. Enquanto a panela dos experts está recheada de recursos ilícitos.

Corrupto e corruptor   

Por enquanto, a operação denominada de “Dark Shark” na tradução literal “Tubarão às escuras”, pois o argumento é de que trocaram as lâmpadas em curto espaço de tempo deixando-a como breu, com ações somente na área privada, em se tratando de pessoas. Mas como o material apreendido deverá passar por perícia, não se tem dúvida que, se ocorreu a irregularidade, deve haver a participação de servidor, de carreira ou comissionado. Não há corrupção sem o envolvimento das figuras: corruptor e corrupto.

Espelhe-se nos bons
O trabalho no setor público é dignificante e a responsabilidade pelos atos ao encargo de quem o exerce. Para aqueles que em algum momento atravessaram o caminho da ética apropriando-se de bem público, devem permanecer atentos para não serem surpreendidos acordando com os guardiões da lei e da ordem batendo à porta. Os agentes policiais afirmam que outras operações virão. Fica, então, o recado aos pretensos candidatos à dilapidação do patrimônio público. Espelhem-se nos bons, que são a maioria, ponham suas barbas de molho, não se deixando cair em tentação.

Reforma tributária
O conteúdo proposto e discutido no Congresso Nacional tem levado entidades a efetuarem estudos e pesquisas como da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que considera brutal o aumento da carga tributária em nível nacional. Em alguns produtos da cesta básica, chega a 60% a majoração. Saindo do consumo, a outra etapa da reforma será sobre o patrimônio, renda e folha de pagamento. Aguardem!

Refletindo
“O que preocupa não é o grito dos corruptos, mas o silêncio dos bons”. Martin Luther King. Uma ótima semana!

Por Pedro Hermínio Maria – Auditor Fiscal da Receita Estadual de SC

“Este é um artigo de opinião, cujo teor é de inteira responsabilidade do autor, e não expressa necessariamente a opinião desta entidade, não sendo, portanto, por ela endossado.”