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Com selo da OIE, SC ampliou vendas a mercados que pagam mais pela carne suína

A pecuária brasileira conquistou um avanço em sanidade quinta-feira (27) quando a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) reconheceu o Rio Grande do Sul, Parana, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e Mato Grosso como áreas livres de aftosa sem vacinação. Desde 2007, Santa Catarina era o único estado brasileiro com esse diferencial. Essa mudança aumenta a concorrência para SC em parte dos mercados internacionais de carne suína. O impacto pode não ser grande no início, mas são necessárias ações para não perder tanto espaço no médio e longo prazo. 

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, acompanhou a assembleia da OIE que anunciou a decisão e se reuniu com os governadores dos estados reconhecidos. A atenção da maioria desses governos é para o status ao rebanho bovino, cerca de 20% do total nacional, que não precisará mais de vacina contra aftosa. Ao mesmo tempo, esses estados deverão investir mais em vigilância de fronteiras.

Esse reconhecimento abre portas para vender aos mercados que mais pagam por carnes bovina e suína, como Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, México e União Europeia. Para Santa Catarina, o novo status fez diferença, apesar da dificuldade para abrir mercados. Em 2006, antes do selo da OIE, SC exportou US$ 184 milhões em carne suína. No ano passado, com a ajuda desse diferencial aliado à queda da produção da China devido a peste suína africana, as exportações do produto alcançaram U$ 1,2 bilhão, cinco vezes mais.

Para se ter ideia de como é difícil abrir esses mercados ricos, apesar de ter o status de livre de aftosa desde 2007 somente em 2013 agroindústrias catarinenses foram autorizadas a exportar ao Japão. As vendas aos EUA iniciaram antes, mas como o país é grande produtor, só a Aurora Alimentos iniciou negócios, mas em quantidade pequena. A Coreia do Sul iniciou compras de SC em janeiro de 2016 e a Europa não abriu seu mercado.

SC segue líder em vendas externas de carne suína entre os estados brasileiros. Em 2020, exportou 523,3 mil toneladas, 52% do total vendido pelo Brasil. Os embarques foram para 67 países, com crescimento de 35% da receita frente a 2019. O Japão comprou US$ 43 milhões, 108% mais do que em 2019 e os EUA importaram 57% mais.

No curto prazo, a tendência é de poucas mudanças no mercado internacional para a produção catarinense porque as grandes agroindústrias estão com estruturas instaladas no Estado. Mas a produção gaúcha e paranaense pode começar a ocupar espaços lá fora logo porque é competitiva e têm mais oferta de milho para alimentação animal.

O novo status a seis estados começa a repercutir na política. O ex-governador Raimundo Colombo, em rede social, disse que o agronegócio de SC precisa de mais atenção. O governo tem que evitar alta de impostos, ampliar mercados e marcar mais presença no exterior, alertou ele em tom crítico. 

Tanto o setor privado quanto o setor público de Santa Catarina precisam ficar atentos para manter boa presença nas exportações de carne suína no exterior após o pico atual causado pela peste suína africana na China. Isso requer trabalho permanente junto aos mercados e cuidados na produção.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti