A investigação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal na Casa D’Agronômica e na sede do governo catarinense nesta quarta-feira, em função da suspeita de corrupção na compra de respiradores, é mais um capítulo de forte impacto negativo para Santa Catarina. Além de prejudicar a imagem do Estado, fortalece as condições para o impeachment do governo de Carlos Moisés. A troca de governo interrompe projetos, reduz o ritmo da economia e atrasa ainda mais a reforma da Previdência, a mais necessária para o presente e o futuro do Estado.

Os fortes indícios de corrupção que ganharam nova projeção nacional hoje decepcionam os quase 72% de eleitores catarinenses que votaram para um governo que prometeu ser ético, fazer a nova política. É bom lembrar que para executar essa nova política, o governador Carlos Moisés criou dois órgãos, a Controladoria Geral do Estado (CGE) e a Secretaria de Integridade e Governança (SIG). Mesmo assim, o problema não foi evitado.

Enquanto o estado deveria estar concentrado nos esforços para cuidar da saúde das pessoas e da economia frente à pandemia Covid-19, terá que interromper um governo pela corrupção e falta de habilidade política com o parlamento. A troca de governo impõe parada em diversos projetos econômicos e sociais porque as pessoas que assumem demoram cerca de meio ano ou mais para fazer e executar novos programas. Isso causa perdas inevitáveis ao desenvolvimento.

Além disso, essa confusão política desviou o foco do parlamento catarinense, que já deveria ter aprovado uma profunda e efetiva reforma da Previdência. Esse é o problema que mais aflige o meio empresarial catarinense porque o rombo previdenciário do governo estadual, para pagar apenas cerca de 73.700 aposentados e pensionistas, chegou este ano em R$ 4,6 bilhões. Como não para de subir, poderá, em breve, forçar o atraso do pagamento da folha do estado e a suspensão de serviços públicos fundamentais aos cidadãos. Isso tudo reduz a atividade econômica.

Uma das mais dinâmicas do país e com o melhor resultado social, a economia catarinense poderia oferecer muito mais aos cidadãos do estado e do Brasil caso não tivesse esses problemas políticos. O caso dos respiradores mostra que não existe mais atalho para a corrupção. O caminho, para quem assume cargo político, é fazer o que é certo.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti