O governo interino do presidente Michel Temer e a base política que o sustenta no Congresso Nacional sofrem forte desgaste neste início de junho por conta da aprovação do pacote de reposição salarial de servidores públicos federais, com destaque para o Judiciário.

Ideólogos de esquerda e de direita juntaram suas vozes para críticas contundentes. Massacraram mais os parlamentares do que o Executivo. O lulopetismo alveja com toda a veemência o governo Temer. Os liberais cobram coerência de Temer, mergulhado no comando da grave crise com R$ 170 bilhões de rombo nas contas públicas.

A polêmica matéria comporta várias leituras. A primeira: no geral, a reposição é justa, resulta de amplo acordo. Trata-se, na realidade, de reposição salarial de categorias há anos com os salários congelados. A segunda: os recursos estão previstos no orçamento de 2016. Terceira: a reposição do Judiciário vem sendo tratada pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff e sua base parlamentar desde 2014. Quarta: Dilma e seus líderes no parlamento assumiram compromisso de aprovação.

Os petistas reagiram porque apostavam no ajuste fiscal e queriam a rejeição dos projetos. Neste caso, dezenas de categorias de servidores com salários estrangulados deflagrariam sucessivas greves, inviabilizando o atual governo. A pauta-bomba foi deixada com estopim aceso por Dilma Rousseff e está explodindo no colo de Michel Temer.

A aprovação tem, assim, dois efeitos imediatos: faz justiça aos servidores com salários congelados, esvaziando movimentos grevistas; neutraliza no Congresso qualquer proposta de aumento de impostos.

 

Via DC – Coluna Moacir Pereira