Para 2018, entretanto, analistas de mercado projetam dados mais tímidos no comércio exterior, com recuo da balança comercial e leve queda das vendas brasileiras

Com o fraco desempenho da atividade econômica do País e o avanço das vendas internacionais, as projeções dos analistas de mercado para a participação das exportações no Produto Interno Bruto (PIB) cresceram durante o ano.

No começo de 2017, a consultoria 4E apostava que a participação dos embarques no PIB teria um aumento de 1,7% na comparação com o ano passado. Hoje, é esperada expansão de 3,6%, com as exportações representando 12,7% dos bens e serviços produzidos no Brasil.

“A safra agrícola surpreendeu bastante e inflou o volume de vendas neste ano”, afirma Bruno Lavieri, economista da 4E. Entre janeiro e julho, o volume dos embarques de produtos básicos subiu 5%, no confronto com igual período de 2016, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Além dos produtos agrícolas, foram registrados aumentos na quantidade exportada do minério de ferro e do petróleo.

As estimativas para o valor dos embarques seguiram a mesma tendência. Em janeiro, a GO Associados apostava que as exportações chegariam a US$ 185,5 bilhões, bem abaixo dos US$ 215 bilhões esperados hoje. Se a previsão se concretizar, será registrada uma alta de 16,2% ante o ano passado. Entre janeiro e julho, foram obtidos US$ 126,421 bilhões com as vendas, uma alta de 18,7% no confronto com 2016.

Para o peso das exportações no PIB, houve um avanço de 1 ponto percentual na projeção da GO, que agora está em 11,2%. Economista da instituição, Luiz Fernando Castelli diz que, além do desempenho acima do esperado do comércio exterior, os esboços para o desempenho da economia brasileira pioraram durante o ano. No começo de 2017, era projetado um aumento de 0,8% para o PIB do País, um pouco acima do crescimento de 0,5% estimado hoje.

Já a consultoria Tendências prevê que a participação das vendas internacionais nos bens e serviços produzidos será de 12,3% neste ano. Segundo Bruno Levy, economista da instituição, o peso dos embarques é relevante, mas fica abaixo do registrado em outros anos, como 2008, quando o boom das commodities estava no auge e o PIB brasileiro era menor que o atual.

Balança comercial

A melhora das expectativas quanto às exportações deu força ao saldo comercial. Para a 4E, o superávit nas trocas vai alcançar os US$ 53 bilhões até dezembro. No começo de 2017, era previsto resultado positivo em US$ 41,5 bilhões. Segundo Lavieri, a previsão para as importações ficou “praticamente estável” durante o ano, em US$ 147 bilhões.

A evolução das projeções apresentadas no relatório Focus, do Banco Central (BC), foi ainda maior. No início de janeiro, era esperado superávit de US$ 46 bilhões para 2017. Na semana passada, a previsão chegou a US$ 61,9 bilhões.

A Tendências e a GO têm apostas semelhantes para o saldo comercial deste ano, de US$ 61,3 bilhões e US$ 61 bilhões, respectivamente. Entre janeiro e julho, a balança ficou no positivo em US$ 42,5 bilhões, o maior saldo para a série histórica iniciada em 1989.

Balança menor em 2018

Para o ano que vem, os analistas projetam uma desaceleração das exportações e da balança comercial. “A safra não deve ter a mesma magnitude que vimos neste ano”, afirma Levy. A consultoria projeta que o saldo comercial de 2018 será de US$ 56,4 bilhões.

Lavieri segue a mesma linha. “Além de uma safra menor, os preços das commodities não devem ter o mesmo comportamento que vemos em 2017”. A 4E aposta em um superávit de US$ 40 bilhões, com exportações em US$ 193 bilhões.

A GO, por outro lado, acredita que as vendas vão crescer 3% no ano que vem, com um “ligeiro ganho” no volume exportado, indica Castelli. Ainda assim, a consultoria vê um superávit comercial menor, de US$ 45 bilhões. Isso porque a previsão para as importações, que podem ganhar força com a recuperação da economia, é de um aumento de 12%.

 

Via DCI