) No exercício da Presidência da República no lugar de Michel Temer (PMDB) – em viagem ao exterior -, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira que não há, no momento, votos suficientes de deputados para aprovação da reforma da Previdência. Segundo ele, os defensores da proposta já tinham os 308 votos necessários para aprovação no fim do primeiro semestre. Mas o processo foi interrompido pela denúncia contra Temer apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot

Maia calcula que hoje há menos de 280 votos favoráveis à reforma na Casa. Ele acredita, porém, que é possível aumentar esse patamar. Disse que espera aprovar a reforma no plenário até outubro ou novembro.

“Aprovar reforma da Previdência neste ano terá impacto forte na economia [em 2019]”, disse Maia. “Estávamos com a reforma aprovada. Perdemos [a oportunidade]”, afirmou em um evento organizado pela revista “Exame” em São Paulo.

Para o presidente da República em exercício, “ou vai aprovar [reforma da Previdência] até novembro ou não vai aprovar”. “Problema não é a data para votar, é ter voto para votar. Hoje não tem voto.

“Durante seu discurso, ele deu ênfase à necessidade de reforma da Previdência. Elogiou a reforma trabalhista e, com menos ênfase, defendeu também a tributária. Maia falou sobre a necessidade de privatizações e de regulação de agências reguladoras.

O presidente da Câmara afirmou mais de uma vez que os opositores da reforma da Previdência são melhores na comunicação que os defensores da agenda liberal. “O que a gente precisa é melhorar a comunicação dos que têm visão mais liberal.

Segundo Maia, a Câmara deverá voltar a discutir reforma da Previdência de forma mais intensiva após superar outra denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer – que deve ser apresentada nos próximos dias. Para o presidente da Câmara, uma segunda denúncia “gera desgaste” entre os parlamentares e produz “desarticulação” na base de apoio ao governo. Ele evitou, porém, fazer qualquer tipo de previsão a respeito das chances do presidente da República na análise do caso.

De acordo com Maia, a ideia de que Temer teria mais dificuldade desta vez foi mencionada a ele por vários parlamentares que o visitaram nas últimas semanas. Minutos antes, ele havia dito que era difícil discutir prazo para a votação da denúncia sem saber quando o procurador-geral irá apresentá-la. Mas afirmou que o tema, quando for colocado, deverá ser tratado na Câmara de forma rápida.

Maia admitiu que a primeira denúncia a Temer, votada pela Câmara entre julho e o início de agosto, interferiu na tramitação da reforma da Previdência na época.

Sobre política, o presidente em exercício disse acreditar nas chances de algum candidato que faça discurso de centro, mas não citou nomes. Afirmou que, na sua opinião, a polarização PT-PSDB acabou. E ainda que o mais provável é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá ao segundo turno contra um nome de centro.

 

Via Valor Econômico