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Lira não tem mencionado a proposta de reforma administrativa nas reuniões de líderes

O entorno de Arthur Lira (PP-AL) não é unânime em defender a reforma administrativa, nova bandeira empunhada com fervor pelo presidente da Câmara. Líderes próximos a Lira, mas também sensíveis aos apelos do governo, afirmam que o tema passou a ser instrumento para pressionar o Planalto. Outros dizem que o presidente quer “deixar uma marca”, acumulando reformas no currículo.

Um ponto confirmado pelos deputados é que Lira nem mesmo tem mencionado a proposta de reforma administrativa nas reuniões de líderes. Eles explicam que, se o assunto fosse mesmo prioridade, o presidente da Câmara passaria a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32 na frente de tudo e convocaria a tropa de aliados para um esforço de pautar o tema o mais rápido possível.

A base governista tem defendido a ideia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de tocar o projeto de lei que proíbe os supersalários. Ele se reuniu na última semana com a ministra Esther Dweck, de Gestão e Inovação, para discutir alternativas à reforma administrativa que possam ser eficientes no corte de gastos.

— Não apoiamos a PEC 32 de forma alguma — disse o líder do blocão na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE).

— Somos contra discutir reforma administrativa agora. Mas somos a favor de acabar com os penduricalhos e os supersalários imorais e até ilegais — afirmou o líder do PT, Zeca Dirceu.

Uma versão do PL dos supersalários está no Senado e ainda não passou pelo Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Senadores afirmam que o presidente Rodrigo Pacheco estuda avançar com a tramitação da proposta em breve, mas quer atrelar a votação dos supersalários com a PEC que autoriza o pagamento de mais benefícios ao judiciário, os chamados quinquênios.

— Isso gera uma dificuldade (para aprovação do fim dos supersalários), porque outras categorias têm a mesma demanda — lembrou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já prevendo entraves na tramitação.

Já o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), defende que o foco de mudanças precisa estar nas estatais, que, de acordo com ele, concentram os supersalários. O senador, governista, ainda defende uma parte da PEC 32, que está na Câmara, como o fim da estabilidade para os servidores.

— Os maiores problemas estão descentralizados da estatal, nos grandes salários. E acho que podemos rever a estabilidade do servidor, a partir da publicação da lei. Essa modificação viria pela reforma administrativa, então alguns pontos da PEC 32 sou a favor. Não é para prejudicar o servidor — disse Alencar.

Fonte: O Globo – Via Fenafisco