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Estimativa de maior redução da taxa básica de juros se dá depois de queda de 0,50 ponto percentual na 4ª feira (2.ago)

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) de cortar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual pode fazer com que a Selic termine 2023 abaixo de 12%, contrariando a projeção divulgada no começo da semana pelo Boletim Focus para o período. A avaliação foi feita por economistas.

Caso o BC mantenha o mesmo patamar da queda de juros nas 3 reuniões que restam até o fim do ano, a Selic deve alcançar 11,75% –percentual indicado pela maioria dos especialistas consultados por este jornal digital. Na 4ª feira (2.ago.2023), a autarquia sinalizou que deve seguir com o ciclo de cortes na taxa básica de juros, ao mencionar “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.

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A decisão não foi unânime. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, deu o voto decisivo para o corte mais agressivo da taxa básica de juros.

Foram 5 votos pela queda de 0,50 ponto percentual, enquanto 4 diretores queriam uma baixa mais conservadora, em 0,25 p.p. O voto do chefe da autoridade monetária foi acompanhado de Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização), indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a diretoria da autarquia.

Para o economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel Leal de Barros, a divisão inicial entre os integrantes do Copom ao anunciar o corte não deve se repetir nos próximos encontros.

“Apesar da decisão dividida, o consenso em torno de reduções adicionais de 50 pontos de forma unânime mostra um comitê mais consensual do que parece à primeira vista”, diz. Barros aposta em 11,75% ao final do ano.

O economista André Perfeito projeta a mesma taxa. “A perspectiva é de que as próximas 3 reuniões do ano terão cortes em igual magnitude”, declarou em referência ao 0,50 ponto percentual.

Na sua visão, o Copom quer acelerar o fim do ciclo de juros. “A estratégia adotada pelo colegiado do BC é coerente com o que sempre fez: uma vez decidido o movimento, tende a agir rápido. Parece-me que o Copom quer acabar com o ciclo já no início do ano que vem”, avalia.

Thais Zara, economista sênior da LCA, revisou sua projeção depois do anúncio do Copom também para 11,75%. “Nossa expectativa era de que o 1º corte do ciclo de flexibilização seria de 25 pontos-base, seguido de cortes subsequentes de 50 pontos-base por reunião do Copom. Assim, nossa curva projetada para a Selic foi apenas ligeiramente ajustada para baixo, incorporando o ritmo de corte de 50 pontos-base já a partir da 1ª reunião e mantendo o ritmo nas reuniões seguintes”, declara.

NOVA SURPRESA

O professor de economia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Ecio Costa afirma que há espaço para o Copom baixar mais a Selic. “Pode fechar em 11,5% e se for em um patamar mais agressivo, na casa dos 11%”, diz.

Costa avalia que a queda de 2% do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) –considerado a prévia do PIB– em maio ante o mês anterior pesou na decisão do BC: “Com a mudança na reunião dessa semana, o Banco Central deve observar a forte queda que ocorreu na atividade econômica do próprio IBC-Br em maio. Isso chamou bastante atenção do Comitê de Política Monetária”.

A deflação em junho de outros indicadores, como IGP-M (Índice Geral de Preços–Mercado) –com queda de 1,93%–, relacionado ao preço do aluguel, e IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) – baixa de 0,08%, que mede a inflação oficial, também influenciaram o colegiado do BC, segundo o economista. “São fatores que provavelmente estão ajudando no processo decisório do Copom”, declara.

PERSPECTIVA PARA 2024

O patamar da Selic no próximo ano também deve ser menor do que o esperado antes. O economista Pedro Paulo Silveira afirma que a trajetória de cortes pode encerrar em 9,75% em junho de 2024.

“O BC sinalizou uma postura bastante determinada de prosseguir com o ciclo de redução dos juros, mas, ao mesmo tempo, quer assegurar uma trajetória segura para esse ciclo. Isso significa que o IPCA e as expectativas caminhem na direção da meta de 3%. Se houver um desvio, ele pode interromper a queda e aguardar”, declara.

Zara, por sua vez, aposta em 9,25% para o fim do próximo ano. “Essas revisões não alteram a nossa perspectiva de que o grau de restrição da política monetária tenderá a ser retirado gradativamente, em linha com a sinalização do Copom: em nossas contas, a Selic só alcançará nível que consideramos neutro no começo de 2025”, pondera.

BOLSA E DÓLAR

Na 5ª feira (3.ago), dia seguinte à reunião do Copom, o dólar comercial fechou a R$ 4,90 –alta de 1,94%. Já o Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou o dia em queda de 0,23%, aos 120.585,77 pontos.

A forte subida do dólar frente ao real e o recuo do Ibovespa foram explicados, em parte, pela diminuição do diferencial de juros entre Brasil e outras grandes economias, especialmente os EUA. A queda também reduz o interesse de estrangeiros na aplicação em títulos brasileiros.

Via PODER360