A pressa da equipe econômica do governo federal em promover uma maior abertura da economia brasileira preocupa a indústria nacional, especialmente a de Santa Catarina. O alerta é da presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) Maria Teresa Bustamante, que ficou apreensiva com a informação da reunião do Mercosul desta semana de que haverá redução da tarifa externa comum do bloco a partir do ano que vem.

Está sendo decidida uma redução da tarifa externa comum do Mercosul?

Semana passada, numa reunião realizada pelo Conselho Empresarial Brasil-Argentina em Buenos Aires, o tema mais discutido entre entidades empresariais dos dois países e preocupação bastante acentuada foi de que a redução da tarifa externa comum é um fato. O presidente Jair Bolsonaro teria acordado com o presidente argentino Maurício Macri de fazer esse movimento de redução das tarifas já a partir dos primeiros meses de 2020.

Quais são os riscos que essa decisão coloca?

Nós defendemos com ênfase de que a redução da tarifa externa comum deveria ser precedida de uma análise profunda de todos os setores industriais. Se de um lado eles estão dizendo que vão reduzir de zero a 6% a alíquota para importação de qualquer produto sem fazer listagem de setores sensíveis, isso é abrir o mercado brasileiro de uma maneira unilateral para uma concorrência externa, esquecendo que estamos com custo Brasil altíssimo, recém saindo de uma recessão. O setor industrial não tem condições de suportar essa abertura de mercado de maneira unilateral.

E sobre o acordo com a União Europeia?

O governo quer que o Brasil seja o primeiro país a aprovar, pelo legislativo, o acordo Mercosul-União Europeia. A pergunta que eu faço como especialista em negócios internacionais é: está abrindo mercado brasileiro sem nenhuma contrapartida para 28 países da União Europeia? É que o acordo vai viger somente para venda ao mercado brasileiro porque não poderemos usufruir do mercado da União Europeia enquanto ela não colocar o acordo em vigência. É um processo que vai levar de dois a quatro anos. Nós, da indústria, estamos muito preocupados com essas informações que estão vindo da boca do presidente Jair Bolsonaro.

Via NSCTotal – Coluna Estela Benetti